Um estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo mostrou que 9,1% da população idosa da capital paulista ingere bebidas alcoólicas em excesso. O levantamento foi feito com 1.563 pessoas com 60 anos ou mais.
A pesquisa também traçou um perfil dos idosos que sofrem com o problema. Entre os dados que se destacam, está a influência da escolaridade na incidência do alcoolismo nessa faixa etária. Entre os idosos que nunca estudaram, 15,9% abusam do álcool --o mais alto índice.
A taxa cai conforme aumenta o tempo de estudo. Entre a população idosa que estudou de um a quatro anos, o índice de alcoolismo é de 10,9%, enquanto que entre os idosos que estudaram por 12 anos ou mais, o índice de alcoolismo cai para 2,2%.
As informações, divulgadas pela Secretaria do Estado de Saúde, também mostram que o alcoolismo está presente em todas as classes econômicas. A chamada classe A tem 7% de sua população idosa sofrendo com o alcoolismo; na classe B, são 3,1% dos idosos; na classe C, 8,8%; na classe D, 13,6% dos idosos; na classe E, 18,3% dos idosos.
Em relação ao estado civil, a pesquisa revelou que o maior índice de alcoolismo está entre os casados, com 13% de idosos alcoólatras. Os solteiros têm índice de 6,6%.
No geral, o índice de alcoolismo entre os homens idosos atingiu os 20%. Entre as mulheres, esse índice ficou em 3,1%.
O coordenador do programa de terceira idade do Instituto de Psiquiatria, Cássio Bottino, diz que os número são preocupantes. "O consumo excessivo de álcool é extremamente prejudicial à saúde desses homens e mulheres acima dos 60 anos. Além dos males clínicos à saúde, há também os problemas sociais, de relacionamento com a família e com os amigos", afirmou Bottino por meio de nota.
Segundo a secretaria, os idosos são mais sensíveis ao efeito do álcool. O consumo abusivo de bebida alcoólica aumenta o risco de quedas, problemas de desnutrição, aumento de pressão arterial e doenças cardiovasculares. Além disso, como essa população frequentemente faz uso de medicamentos, a interação com o álcool pode ser ainda mais prejudicial.
Clínicas especializadas
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informa que mantém dois serviços especializados em tratamento de adultos dependentes de álcool e drogas. Uma em São Bernardo do Campo e outro em Itapira.
O atendimento é feito por equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros. Além de medicação específica, os pacientes em tratamento têm atendimento psicológico individual e coletivo, participam de atividades físicas e esportivas e fazem terapias ocupacionais.
Segundo a secretaria, cabe aos municípios realizar a triagem dos pacientes para verificar a necessidade de internação.
Fonte: Folha de S. Paulo
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