Dia Internacional do Autismo alerta para a importância de se identificar cedo essa limitação da capacidade de interagir. Síndromes variam de completo isolamento até manifestações mais sutis de inadaptabilidade social.
Cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de autismo, e lidam diariamente com sua dificuldade de adaptação social e com a discriminação. Em 2007, as Nações Unidas declararam o 2 de abril como o Dia Internacional do Autismo, a fim de estimular a comunidade internacional a despertar a consciência para as crianças autistas. O autismo é uma deficiência no desenvolvimento neural humano que se manifesta nos primeiros anos de vida. Inicialmente, as crianças autistas não conseguem entender gestos nem palavras, tendendo a se isolar.
Elas podem desenvolver ações estereotípicas, como girar rodas ou abanar com papel, além de costumarem usar os brinquedos de uma forma repetitiva e muitas vezes alheia à função do objeto. Algumas chamam atenção por reiterarem continuamente certas palavras ou gestos, por exemplo, além de serem extremamente sensíveis a qualquer mudança em seu ambiente. De acordo com as Nações Unidas, uma em cada 150 crianças apresenta alguma manifestação de autismo, sendo que as do sexo masculino tendem a ser afetadas com frequência bem maior – o autismo é três ou quatro vezes mais recorrente entre meninos do que entre meninas.
Diferentes graus de manifestação
Atualmente, os critérios de diagnóstico distinguem entre autismo do início da infância (síndrome de Kanner) e a síndrome de Asperger, geralmente perceptível somente após o terceiro ano de vida. No entanto, muitos médicos também asseguram a existência de um espectro de autismo que permite reconhecer diversos graus de gravidade. A síndrome de Asperger é uma manifestação leve do autismo, difícil de reconhecer à primeira vista. Ela também é denominada como uma inabilidade de contato e comunicação. As crianças afetadas têm reduzida capacidade de relacionamento social, geralmente têm poucos amigos ou vivem à margem da comunidade. Por outro lado, elas geralmente possuem todas as outras capacidades, podendo ser extraordinariamente bem dotadas em determinadas áreas, como a música e a matemática.
A síndrome leva o nome de seu descobridor, o pediatra e pedagogo austríaco Hans Asperger (1906-1980). Em 1944, ele descreveu um grupo de crianças com sintomas semelhantes, sobretudo excepcionalidades referentes ao olhar, linguagem corporal, gestualidade e uso da linguagem. Asperger também diagnosticou limitações motoras, notando que essas crianças tendem a se concentrar intensivamente nas suas áreas de interesse. Ele denominou a síndrome de "psicopatia autista". Geralmente, as crianças com Asperger são reconhecidas como "normais", mas chama a atenção por seu comportamento inadequado em ambientes sociais. Em geral são crianças que não filtram os impulsos externos, mostrando-se facilmente sobrecarregadas por uma percepção excessiva do entorno. Muitas vezes as crianças afetadas pela síndrome de Asperger têm uma capacidade mnemônica extraordinária, sabendo citar de memória longas passagens lidas em livros, por exemplo. No entanto, têm dificuldade de expressar suas necessidades, de decodificar expressões emotivas alheias e de se colocar no lugar dos outros ou criar empatia nos relacionamentos.
Um fenômeno em propagação
Na Europa, há quase um milhão de autistas, na Alemanha são aproximadamente 60 mil. Os motivos do surgimento do autismo nunca foram inteiramente esclarecidos. Há cientistas que tentaram encontrar acesso a pessoas com alto grau de autismo por meio da terapia musical ou do contato com golfinhos.O Dia Mundial do Autismo, lançado há três anos pela ONU, foi criado para sensibilizar a sociedade para um fenômeno que se propaga cada vez mais. Com a data também se pretende alertar para a importância de se diagnosticar o autismo cedo, a fim de intervir a tempo no seu desenvolvimento. Além disso, o dia internacional também celebra os talentos singulares de pessoas com a doença e encoraja a uma maior atenção e receptividade para com um desvio da norma muitas vezes descriminado na vida social.
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