terça-feira, 17 de agosto de 2010

Por que as palmadas não educam – Lino de Macedo


A CRESCER acredita que é possível educar sem bater. Mas qual o problema, afinal, em dar uma palmadinha vez ou outra para impor limite? Convidamos diversos especialistas para responder a essa questão. Para o professor do instituto de psicologia da USP Lino de Macedo "a palmada é o destempero emocional de um adulto que perdeu o controle, quando ele não tem mais argumento para convencer a criança a não fazer certa coisa. É um desabafo e, portanto, não educa".

As crianças precisam de limites, mas há outras formas de conseguir isso. O professor afirma que a palmada é expressão de um abuso, porque é um argumento de força, "ela subordina e impõe", diz. Além disso, a criança não consegue entender as mudanças de atitudes dos pais, que ao mesmo tempo em que expressam carinho, também batem. "Quando leva uma palmada, a criança fica confusa sobre a sua relação com os pais, não sabendo identificar com clareza se está apanhando porque o pai não a ama mais ou se ela é uma pessoa má", afirma.

Masoquismo

O que será que leva uma pessoa aparentemente estável em suas relações, em sua vida profissional, econômica, etc… alimentar pensamentos ou atitudes que a deixam infeliz? Parecer infeliz aos olhos dos outros muitas vezes traz seu ganho, colocando-a em destaque…
Sentir-se prejudicada e ao mesmo tempo persistir numa situação que traz infortúnio é difícil de entender.


Há mulheres que mantêm relacionamentos complicados, mas não se dão conta que poderiam ter algo melhor. São mulheres que investem demasiadamente na relação, recebem muito pouco, mas continuam com ela mantendo o seguinte pensamento: ¨Não existe coisa melhor. Isso foi o que consegui. É o que eu mereço. Sou uma heroína, pois ele está comigo até hoje…¨

Algumas delas vêm de um lar onde o pai era alcoólatra, e quando adultas por ¨coincidência¨ encontram parceiros alcoólatras, e passam a viver de modo repetitivo a função de mártir, e ajudadora, sofrendo continuamente. O exemplo mais clássico é o da mulher que sofre agressão física, mas persiste na relação.

São mulheres com auto-estima avariada, e ao mesmo tempo convictas de seu papel de guerreiras. Curiosamente são abandonadas, encontram outro parceiro com as mesmas características e repetem esse comportamento.

Os pensamentos: “Não encontro nada melhor”, “Não existe nada melhor”, “Não adianta tentar sair disso”, ou então, “Não vou conseguir outro emprego”, são pensamentos auto-destruidores, porque não permitem que a pessoa se concentre em focos otimistas, reais e mais vantajosos.
Eles impedem o crescimento interno, emocional, pessoal e profissional. É uma estagnação imperceptível que mantém a pessoa prisioneira de si mesma.

Desbravar algo diferente, arriscar-se, apostar em si mesmo, é algo muito obscuro, pois a busca do sofrimento é contínua. Afinal, é somente dessa maneira que a pessoa sabe gerenciar sua vida.

O mais difícil é o convencimento de que essa busca é danosa, doentia e desequilibrada, necessitando tratamento e cura.

“Todos os dias do aflito são maus; mas o coração contente tem um banquete contínuo”. Provérbios 15:15

Fonte: artigos de psicologia

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fobia Social

Fobia social é um transtorno que se caracteriza pelo medo excessivo de ser o centro da atenção de outras pessoas. O portador considera-se inadequado e daí o temor intenso de submeter-se a situações sociais e levar uma bronca em público, fazer algo ridículo ou passar por qualquer outra situação humilhante.

Com o que não deve ser confundida

Não devemos confundir fobia social com a timidez, medo e ansiedade normais, que qualquer um de nós pode sentir em situações novas ou inusitadas. A ansiedade presente nesses momentos é comum e até certo ponto esperada, embora possa variar em intensidade de indivíduo para indivíduo.

Algum grau de ansiedade e timidez são considerados normais desde que:

· Apesar da ansiedade o indivíduo consiga manter o controle das situações;

· Ansiedade e timidez não sejam tão intensos que levem a pessoa a evitar situações sociais, acarretando prejuízos significativos nos relacionamentos afetivos e/ou profissionais;

· O medo não seja grande o bastante para fazer com que o indivíduo abra mão de projetos de vida importantes, causando perdas nos âmbitos pessoais, profissionais e/ou acadêmicos;

· A ansiedade não esteja associada a doenças ou outros transtornos.

Fobia Social e Pânico são a mesma coisa?

Não. Embora ambos os transtornos causem prejuízos na vida social do paciente existem duas diferenças importantes:

o No transtorno do pânico os pacientes podem passar mal sem motivo, em qualquer lugar (ataque de pânico), enquanto que os pacientes com fobia social sentem-se mal só nas situações que já descrevemos anteriormente.

o Os pacientes com pânico geralmente tem medo de lugares onde a saída seja difícil onde acreditam não podem ser socorridos, lugares cheios de gente onde possam passar mal, etc. Isso não ocorre com pacientes que sofrem de fobia social, para os quais a maior preocupação é ser o foco da atenção das pessoas.

Sintomas

O medo exagerado faz com que o portador desse transtorno evite a maior parte das situações que exijam exposição social, ainda que tenha consciência que essa postura pode prejudicar sua vida em diversos aspectos. O fóbico social evita:

Conversar com pessoas estranhas ou autoridades;
Comer em restaurantes;
Usar banheiros públicos;
Freqüentar piscinas;
Assinar em público;
Usar banheiros públicos;
Ficar nu em público;
Conversar ao telefone;
Ser observado.

Quando não consegue evitar essas situações o portador de fobia social sofre desconforto intenso, sendo comuns sintomas como:
Tremores;
Sudorese;
Taquicardia;
Palpitações;
Empalidecimento;
Sensação de perda de consciência;
Náuseas;
Desconforto abdominal;
Formigamentos, etc.

Esses sintomas também podem ocorrer no período que antecede as situações de exposição social, caracterizando o que chamamos de ansiedade antecipatória ou mais coloquialmente medo do medo.

Citaremos abaixo alguns exemplos para ilustrar o prejuízo que esses sintomas podem causar ao indivíduo que sofre de fobia social:

Exemplos Ilustrativos

Exemplo 1: Jovem abandonou a faculdade por não ser capaz de apresentar seus trabalhos para os colegas de classe, nunca ter coragem de fazer perguntas na frente dos colegas e apresentar sintomas físicos de ansiedade se lhe faziam perguntas em público. Quando soube que teria que apresentar um trabalho para os colegas, passou a sentir-se ansioso diariamente e essa ansiedade foi aumentando progressivamente até o dia da apresentação, quando não conseguiu ir a aula por medo de tremer, passar mal, ter "um branco", gaguejar e até de se urinar na frente dos colegas. Desde criança sentia-se mal quando tinha que falar com estranhos.

Exemplo 2: Homem de 25 anos tornou-se alcoólatra porque desde os quinze anos só conseguia sair de casa após beber. Até começar a beber, sair de casa para desempenhar qualquer tarefa que não envolvesse contato humano era tranqüilo, porém sempre sentiu sintomas físicos de ansiedade quando tinha que falar com estranhos. Descobriu que esses sintomas quase desapareciam após algumas doses de bebida alcoólica. Nunca teve namoradas. Por vergonha dos professores e colegas abandonou a escola sem concluir o primeiro grau e não empregou-se adequadamente porque nunca conseguiu fazer entrevistas estando sóbrio.

Tratamento

O primeiro passo do tratamento é convencer o paciente de que a fobia social é uma doença e por isso pode e deve ser tratada, o que em geral, não é difícil, pois o sofrimento significativo torna esses pacientes receptivos a possibilidade de ajuda. O tratamento é longo e envolve o uso de medicação e psicoterapia. A medicação auxilia na diminuição da ansiedade e a terapia é fundamental para ajudar o paciente a se expor e treinar o paciente no enfrentamento das situações temidas.

Fonte: alppsicologa.hpg.ig.com.br

sábado, 7 de agosto de 2010

Sadismo

O sádico é aquele que sente prazer em impor sofrimento à outra pessoa ou que se deleita com o sofrimento do outro. Muitas vezes são pessoas que foram lesadas, boicotadas nos seus desejos e “descontam” no próximo.
Na maioria das vezes, são aqueles que claramente demonstram uma satisfação ou prazer maior em ouvir “desgraças”, tragédias, e dificuldades.
Geralmente, receberam pouco dos pais na afetividade, na atenção, no cuidado, no respeito, e isso foi reforçado ao longo da vida, recebendo desta também revés e perdas.

Passado por esse reforço, repetem nos que estão ao redor.
Isso não significa que invariavelmente todos aqueles que passaram por isso desenvolvem esse tipo de comportamento, mas estamos tratando aqui apenas esse comportamento sádico de desejar que o outro sinta, o que ele já sentiu.

Naturalmente, o sadismo pode estender-se de uma maneira muito mais ampla como na área sexual, por exemplo (o que é mais comumente relacionado), mas muitas vezes, não é relacionado a comportamentos na área social.
Nessa área, há um boicote evidente em sentir certo prazer em ver aquele filho, por exemplo, ou aquele colega, sem a possibilidade de conquistar o que deseja, e atingir a felicidade que almeja. Muito sutilmente é uma busca em minimizar a própria infelicidade, pois quando o outro perde ele se sente melhor, mais apaziguado, mais ressarcido.

Na área familiar isso muitas vezes ocorre em relação aos filhos, como: “Eu não tinha carro, você também não precisa. “Eu não segui a carreira que eu queria, você também pode escolher qualquer coisa.” Muitas vezes, esse “repeteco” traz escondido um comportamento mordaz e frustrado, sob a carapuça de ser durão, realista, etc…

Deleitar-se na infelicidade do outro, é sem dúvida a maior prova de desamor … a menos que se encontre outra pessoa que goste de sofrer, e também possua esse comportamento nocivo, distorcido e necessitado de cura.

“Quando cair o teu inimigo, não te alegres, e quando tropeçar, não regozije o teu coração; para que o Senhor não o veja, e isso seja mau aos seus olhos e, desvie dele a sua ira”. Provérbios 24:17-18.

Fonte: Artigos de Psicologia

Distimia

Muito se fala sobre depressão e já é diagnóstico fácil e corriqueiro. No entanto, há diversas formas clínicas de depressão que são desconhecidas pela grande maioria da população e rotuladas automaticamente como Depressão.

A Distimia é um transtorno afetivo de personalidade. É um modo de sentir e perceber a realidade de uma maneira melancólica e negativa. Não há um comprometimento severo na vida profissional e social do indivíduo, mas o estado depressivo é a tônica dessa forma de ser.

São pessoas continuamente tristes, com baixa energia, melancólicas, baixa auto-estima e pessimistas. Acentuam demasiadamente os aspectos negativos da vida enquanto os positivos passam desapercebidos e sem importância. Geralmente não são considerados e até desvalorizados pela pessoa.

Ela pode ter uma vida familiar estável e saudável, mas nunca é vista como tal. Sempre falta alguma coisa. Nada a satisfaz.

Os aspectos negativos sempre têm seu impacto maior e se sobressaem, de modo que o indivíduo está quase sempre abatido e desanimado, por causa desses aspectos que “nunca dão certo, nunca melhoram” e que tornam a vida triste e sem graça.

Essa visão faz com que ele se sinta pouco ou nada merecedor de aproveitar e usufruir o lado positivo de sua vida.

Esse ângulo de visão interfere de alguma maneira no rendimento da vida social da pessoa, diferentemente da Depressão, que muitas vezes faz com a pessoa nem saia de casa ou até da cama.

A Distimia permite que a pessoa trabalhe, tenha sua parte de lazer, mas sempre com o lado positivo comprometido, pois há a perda da capacidade de sentir totalmente esse prazer. Há também uma tendência ao isolamento, ansiedade e muitas vezes insônia.

Em crianças, a Distimia pode estar associada ao Transtorno de Aprendizagem, acarretando um comprometimento no rendimento escolar. As mulheres têm 3 vezes mais propensão a desenvolver Distimia.. Pode ter períodos de melhora e piora, incluindo Depressão grave, caso não seja tratada. O melhor personagem para exemplificar esse quadro, seria o da Hiena: “Oh dia! Oh vida! “

As causas são diversas para seu aparecimento; desde os problemas familiares na infância com pais agressivos ou também distímicos ou depressivos.

Pode aparecer em dois momentos: Início precoce, se ocorreu antes dos 21 anos e Início tardio se ocorreu aos 21 anos mais ou menos.

Sendo um estado crônico, seu tratamento inclui medicação e psicoterapia. É importante que a pessoa procure um psiquiatra para que ele faça um diagnóstico preciso do quadro e inicie a medicação adequada. A terapia entra como segunda ferramenta nesse tratamento.

Os dois juntos, levam o indivíduo a perceber o lado positivo e a viver esse lado; ou seja o tratamento permite descondicioná-la de sua visão turva e pessimista que sempre teve de vida e de si mesma.

Fonte: Artigos de Psicologia

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Medo do medo

Medo de ir, medo de sair, medo de uma consulta, medo de sofrer, medo de se envolver e sofrer, medo de preconceito, medo de fracassar, medo de não ser aceito, etc..etc… Não são os medos previsíveis, reais e sim os medos possíveis que nos fazem perder a noção da realidade, que nos paralisam, que dificultam nossa vida e nossas decisões.

O medo da vida com suas inseguranças, automaticamente nos leva a recuar diante do viver intensamente ou do desfrutar as ocasiões e as oportunidades.É certo que diante de tantos acontecimentos brutais, a insegurança é a tônica em nosso dia a dia. O lazer tornou-se moderado e restrito à determinados lugares o horários.É sábio o cuidado e a ponderação na escolha das saídas e igualmente necessário. Esses são os medos reais. Mas e aqueles que provocam uma rutura em nosso viver?

Como são mencionados acima, é frequente ouvir; “Não quero me envolver, porque tenho medo de sofrer.” “Não quero fazer determinado exame, porque não quero saber o que eu tenho.” “Não posso ir lá, porque tenho medo que tal e tal possa me suceder.”

Esse é o medo castrador que ultrapassa o bom senso e vai além daquilo que é saudável para nossa vida.

Há limites nesse medo.

Precisamos da sagacidade para distinguir esses dois tipos de medo, onde o primeiro nos coloca em vigilância e prudência de comportamento e o outro nos tira “vida”, nos tira perspectiva, nos enclausura, nos aprisiona, nos coloca ilusoriamente protegidos, mas ao mesmo tempo infelizes por não nos permitir participar ativamente de algo que nos faz bem.

O medo das pessoas é muito frequente; medo de ser julgado e mal interpretado e por isso omitimos nossas opinões; não queremos ser vistos, observados, evitando assim um comentário sobre nossa aparência, etc…Isso tudo nos coloca num conflito, pois o ser humano precisa do contato humano, precisa da porção lazer, precisa da amizade e mais que tudo, precisa sim, ser confrontado com as ousadias do desconhecido para crescer e amadurecer.

Geralmente o – deixar de ir implica na visão somente de um lado; o negativo. E quem disse que o contrário não pode acontecer? E por que não perceber por exemplo que um exame pode nos levar à descoberta de que nada de negativo nos está acontecendo?

É um exercício de desafios e de fé. Um desafio que nos coloca em posição de alerta sim, mas nos empurra a desfrutar da porção boa e gratificante que é viver dos poucos momentos que nos deparamos.

Desafio de perspectiva, desafio de quebra de paradigmas, desafio de abandono naquele que é nossa Rocha.

Fonte: Artigos de Psicologia

domingo, 1 de agosto de 2010

Pais que projetam seus sonhos nos filhos

Quantas vezes, vemos em nossos filhos a segunda chance de realizarmos nossos sonhos frustrados?
Às vezes, agimos desta forma inconscientemente, mas às vezes …
Bem, é preciso estar conscientes de que nossos filhos são pessoas com individualidade e sonhos próprios, e que nosso papel nesse processo é orientá-los para que alcancem a realização profissional e estejam satisfeitos com a decisão escolhida.


Quando começamos a pensar sobre o relacionamento de pais e filhos verificamos logo a importância da nossa conduta, como pais, em relação a eles. O que eu, como pai ou mãe, posso construir nessa personalidade, e o que posso destruir também? Onde eu incentivo, estimulo, e onde eu debilito, enfraqueço? O que eu posso determinar, alterar, etc … ?
Será que eu sou o tipo de pessoa que elogia, valoriza as coisas que esse filho consegue fazer com esforço, ou acho que ele tem sempre que fazer o melhor possível. porque essa é a obrigação dele? Eu posso ser uma pessoa que tem uma visão meio depreciadora, onde só identifico traços negativos nele.
Essa situação pode parecer meio distante, mas para você entender melhor, é só pensar no tipo de pai ou mãe que teve. O que você ouvia? O que você recebia deles? Dependendo da educação que teve, você pode desenvolver duas posições: ou você repete com seus filhos tudo aquilo que recebeu, ou restaura, isto é, muda, corrige, melhora.
Se, por exemplo, você teve um pai muito repressor, muito castrador, pode perfeitamente repetir esse tipo de comportamento com seu filho, mesmo que não tenha gostado e tenha sofrido um pouco com isso.
É o famoso conceito: “Se eu passei por aquilo, meu filho também pode passar”. Se você restaura, passa a ser mais liberal. Mais interessante, é que não importa muito o grau de cultura, nível social, etc … Nesse momento, o que surge, é a vivência e essa vivência passa por cima de muita coisa.
A pessoa que repete ou restaura, de um modo adequado ou inadequado, sente-se realizada, com a sensação de dever cumprido. O perigo surge quando você então, começa a querer se auto-realizar nos filhos e a projetar neles todas as suas aspirações e sonhos. Muitas vezes se trata de uma repetição. Aquilo que você não pôde fazer, de repente, seu filho pode.

Talvez você tenha tido vontade de ser médico e não pôde, mas vê no seu filho essa possibilidade. A pergunta chave é se na verdade, você também não foi projeto dos sonhos de seus pais. Até que ponto suas escolhas foram suas, ou você simplesmente acolheu e aceitou escolhas dele? Será que seu pai fez escolhas no seu lugar, tentando reviver aspirações dele? Talvez uma profissão, um lugar para morar, ou um marido … Dessa forma você estaria repetindo essa projeção no filho.

Lembro de um paciente que era da polícia, e que de uma maneira muito sentida e realmente magoado contou-me : “Sabe por que eu sou da polícia? Por que um dia, o vizinho bateu à porta da minha mãe para mostrar-lhe a farda, dizendo que tinha entrado para a polícia. Minha mãe, toda impressionada, disse que seu filho mais velho (eu), também entraria para a polícia. Sendo ela viúva e desamparada, não tive muita escolha, porque não podia desiludir minha mãe. Hoje sei que não é isso que quero, não é o que gosto de fazer, mas não sei nem se tenho meios de sair disso agora, ou mesmo se posso sair, estando casado, com 2 filhos … “
Era um rapaz jovem, porém triste e desiludido, frustrado e sem ânimo pela vida. Vivendo um sonho não dele, mas de sua mãe. Seguindo um caminho não dele, mas de sua mãe.

Lembro de outro rapaz também jovem, casado, com filhos, formado em engenharia por “escolha” de seu pai, mas que na verdade queria ser arquiteto. À certa altura da vida, não conseguindo mais prosseguir com sua frustração, rompe com tudo e recomeça sua vida profissional naquilo que mais queria, passando por cima de todas as dificuldades e pressões da família.

Se você passou por esse tipo de situação e se tem uma tendência a repetir nos filhos a educação que recebeu, então o cuidado nessa área deve ser dobrado, porque em algum momento, suas escolhas podem começar a ser empurradas em direção aos filhos. De uma maneira sutil, você pode introduzir essas aspirações pessoais neles. Será que você está preparado para ouvir seu filho dizer que quer ser missionário?

Outra situação que me recordo, foi quando um pai levou seu filho para visitar seu escritório de advocacia, com intenções de que o mesmo se interessasse em seguir sua profissão. Durante a visita, enquanto o pai se detinha em cada aspecto da sala, mostrando as estantes, a mobília, etc … , ao virar-se viu que o filho estava entretido com uma revista Quatro Rodas, e absorto completamente nas fotos dos carros nem se quer escutava o que ele falava. Mais tarde, este comentaria: “Estive mostrando o escritório para mim mesmo, empolgado com meus negócios e minha profissão. A cada vez que entro em minha sala, fico entusiasmado com a nova arrumação. Quando percebi que uma revista chamava mais a atenção de meu filho, só então identifiquei a realidade que sempre desejei não ver. Para dizer a verdade, fiquei frustrado!”.
Entendo a frustração desse pai, mas percebo, no entanto, como ele próprio conseguiu detectar a posição do filho e converter o caminho. Em alguns casos, essa conversão é feita, mas em outros, mesmo sabendo que o filho deseja tomar outro caminho, muitos pais não se conformam com tal decisão.
Se você trilha hoje, um caminho escolhido por seu pai ou mãe, com certeza terá mais dificuldade em “abrir mão” do seu sonho, saindo do esquema de repetição nos filhos.

Projetar nossos sonho neles, não se restringe somente à área da profissão. O desejo que tem uma mãe de ver sua filha independente financeiramente, ou solteira, revela muitas vezes o desconforto em que ela vive na vida da casada e totalmente dependente do marido. Talvez queira reviver na filha o que ela nunca conseguiu. Outro exemplo, é quando a filha interrompe o trabalho por motivo de casamento ou nascimento dos filhos, e isso é visto com revolta e frustração. Algumas vezes, essa situação é até muito bem aceita pela filha, que decide dar uma pausa no trabalho para a educação do bebê e no entanto a mãe encara como um momento de poda no trabalho e realização profissional, lembrando ela mesma do momento em que teve de abrir mão de sua carreira para estar com os filhos e nunca mais retomou. Esse choque de opiniões e desejos, tumultua a relação.

Fonte: Artigo publicado na revista Casal Feliz (Ano XII – no. 45)