sexta-feira, 23 de abril de 2010
Castigos físicos mostram descontrole dos pais diante dos filhos
Em outras situações, como no trabalho e no trânsito, ninguém dá sopapos.
Pais usam a força pela relação de poder que existe entre eles e as crianças. Algo tão ou mais antigo que a Bíblia, que parece não mudar nunca, é o fato das pessoas usarem de punições físicas para educar suas crianças. O próprio livro sagrado preconiza isso. Por mais que se demonstrem através de várias pesquisas (que não são poucas) os danos que essa prática traz, ela ainda não foi abandonada.
A revista Época da semana passada publicou dados de estudos recentes realizados nos Estados Unidos (país em que grande parte dos pais castiga os filhos fisicamente) sobre o assunto. De acordo com eles, crianças agredidas quando pequenas têm maior propensão de se tornarem agressivas e de terem déficits cognitivos.
Não houve grandes novidades, apenas comprovaram resultados de outras pesquisas. Mas apesar do que se tem mostrado sobre bater em crianças, essa prática continua e é defendida por muitas pessoas. Como os internautas de Época que, na sua maioria, apóiam esses castigos.
Essa conduta para com as crianças está tão enraizada em nossa cultura que as pessoas, mesmo num primeiro momento sendo contra, acabam por considerar que dependendo da situação e da forma como se faz, um tapa é permitido, por exemplo, diante da falta de limites dos menores.
Frustração
Usar de castigos físicos mostra o descontrole dos pais diante das frustrações com os filhos, que não são como eles querem, e a impossibilidade de agir de outra maneira. E não é que dá resultado? Porém ele é momentâneo, não contribuindo para que os pequenos amadureçam em suas condutas.
Até porque, o exemplo que estão tendo no momento é que o jeito de lidar com as frustrações é através da expressão física e concreta da agressividade. Ou seja, não se pensa sobre. É uma ação num nível mais primário. Impede-se que os filhos desenvolvam outras formas de agir em situações que lhes causem desconforto. Não à toa, crianças que sofrem de punição física além de serem mais agressivas, costumam apresentar comportamentos antissociais.
E não devemos nos esquecer que os pais são modelos seguidos pelas crianças, principalmente quando são bem pequenos. A ação deles tem mais força que as palavras. De que adianta um pai defender para os filhos não baterem nas pessoas se seu próprio comportamento o trai?
Ora, às vezes as crianças irritam mesmo e surge a vontade de dar umas palmadas. Isso acontece em outras situações: no trabalho, no trânsito, numa loja... Mas ninguém sai por aí dando sopapos. O melhor quando se sente que o descontrole está surgindo é sair de perto e num outro momento lidar com a situação.
Com os filhos, penso que a agressão física acontece devido à relação de poder que se estabelece. Os pais são maiores, os filhos dependem deles e temem muito perdê-los.
Mais que apanhar, eles precisam da nossa ajuda inclusive para aprender a lidar com sua raiva, frustração, agressividade e medos. Coisas que vão sendo construídas sem a necessidade de que um dos lados use de força física.
Assim, quem sabe, pode-se diminuir a agressividade que anda solta por aí.
Fonte: Especial para o G1, em São Paulo - Ana Cássia Maturano
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ADOREI, PENA QUE ALGUNS PAIS NÃO SABEM LER.
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