quarta-feira, 26 de maio de 2010

Educação Inclusiva - Hipótese após quatro anos...


Itamar Marcondes Farah

Quase todas as crianças descobrem capacidades para atos solidários e cooperativos desde cedo, tornando - se mais compreensivas e tolerantes nas relações com o outro, aprimorando a empatia.

As crianças desenvolvem melhor auto-percepção, verbalizam seus limites, da mesma forma que reconhecem capacidades e progressos em si mesmas e nos colegas, especialmente com deficiência.

Todos do grupo, saem ganhando e se beneficiam com uma equipe multidisciplinar e os materiais de estimulação sensorial e não somente as crianças com deficiências.

Comparando desenhos da mesma criança após um ano, observa-se que a expressão gráfica está mais aprimorada e criativa, demonstrando melhor auto-percepção.

Não se pode pré - determinar a limitação física ou intelectual em sua extensão nas crianças , especialmente as que necessitam de Apoio Pervasivo em todas as áreas. Elas muitas vezes nos surpreendem, com suas conquistas e com a compreensão de fatos e situações. Por isso o cuidado absoluto, em respeitar sempre a criança que está diante dos nossos olhos, perguntando a ela o que quer.

É infinitamente mais fácil trabalhar a inclusão com crianças pequenas e suas famílias, que estão mais receptivas e com padrões de relações menos cristalizados.

O ambiente altamente estimulador, rico , alegre e continente que as crianças normais proporcionam, colaboram efetivamente para o desenvolvimento e ajustamento social de crianças com deficiências. O mediador que tem oportunidade de vivenciar isso, não consegue mais visualizar um futuro para escolas segregadas.

Crianças que viveram um tempo nesse ambiente e depois passam para outro (só normais ou só segregados), infelizmente não terão uma oportunidade contínua de conviver com a diversidade de forma geral, interrompendo o processo. Ao meu ver, uma interrupção lamentável para todos...

Famílias de classe baixa também apresentam preconceitos só que distorcidos em função da falta de informação. A diferença é que estão mais disponíveis para o trabalho , menos coladas a discursos técnicos de técnicos e a supostos padrões idealizados de convívio.

Observa-se que tanto as famílias como as crianças com deficiências apresentam dificuldade em serem tratados com direitos e deveres iguais aos outros. Os prováveis ganhos secundários, por ser deficiente, observados na própria história de vida dessas famílias e crianças, são peculiares na situação da inclusão. O profissional precisa estar a tento a esse fato e colaborar nesse processo de transição.

É vital o trabalho de apoio, com treinamentos e desenvolvimento, com as equipes envolvidas. O papel e olhar do mediador, seja as ADIs ou outro profissional é fundamental para o desenvolvimento de um processo de inclusão pleno.

O mesmo ocorre com as famílias que necessitam ser recicladas periodicamente, onde o foco está na importância da parceria de atitudes e posturas, em casa no cotidiano .As famílias precisam ser sensibilizadas para um olhar diferente, o olhar de possibilidades.

Acredito que essas crianças, serão pessoas melhores e se tiverem oportunidade,

profissionais diferenciados no futuro...

Imaginem , por exemplo, um arquiteto ou engenheiro, que estudou desde pequeno com crianças com deficiências?

Eles conviveram , tiveram a vivência, não apenas leram livros...




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