quinta-feira, 20 de maio de 2010

Automedicação com antibióticos: essa atitude aumenta a resistência de bactérias


Automedicação não é só perigosa para você e seus filhos. Ela também pode prejudicar o efeito das medicações sobre as doenças. Um estudo realizado pelo Instituto Adolfo Lutz mostrou que o principal agente causador de meningite bacteriana -- Neisseria Meninigitidis (meningococo) -- aumentou sua resistência a antibióticos nos últimos dois anos.

Segundo o Instituto, antibióticos como penicilina e ampicilina (pesquisados neste estudo) ainda podem ser usados no tratamento de meningites causadas por bactérias, mas são necessárias doses maiores para combater a doença. Para Maria Cecília Outeiro Gorla, pesquisadora do Instituto e uma das responsáveis pelo estudo, esse quadro deve-se ao uso desnecessário ou incorreto de antimicrobianos.
E como isso acontece? “Há pessoas que têm a bactéria meningoco na garganta, mas não apresentam a doença. Se por algum motivo ela resolve comprar um antibiótico por conta própria, mexe com aquela bactéria, que, ao entrar em contato com a medicação, “aprende” a ficar resistente”, diz Orlando Conceição, infectologista do Hospital São Luiz (SP). Assim, se você transmitir essa bactéria para alguém, ela chegará ao organismo dessa pessoa de uma maneira mais potente.

Isso sem contar ainda os efeitos colaterais. O uso indiscriminado de antibióticos diminui as defesas do organismo. “No trato gastrointestinal, há bactérias que ‘ajudam’ no metabolismo. E a medicação pode matar parte delas, provocando diarreias, por exemplo”, afirma Orlando.
A Anvisa já se manifestou a respeito da compra de antibióticos sem receita médica. Porém, segundo a assessoria de imprensa, o objetivo de controlar a venda dessa medicação ainda está em discussão. “Não existe uma ação concreta.”

Vacinação

Algumas vacinas protegem contra a meningite, como é o caso daquelas contra as bactérias hemófilo (aplicada aos 2 meses, aos 4, aos 5 e reforço aos 15 meses), pneumococo e meningococo C (Neisseria Meninigitidis) - sendo que há outros grupos de meningococo e não existem imunizantes para eles. Porém, somente a primeira faz parte do calendário de imunização do Ministério da Saúde.

As demais são encontradas em clínicas particulares de vacinação. A antipneumocócica custa, em média, R$ 250 cada dose (a criança deve tomar aos 2 meses, 4, 6 e reforço com 1 ano), e a antimeningocócia custa, em média, R$ 165 cada dose (a criança toma três: aos 3 meses, aos 5 e com 1 ano)


Caminho alternativo

Já que a resistência aos antibióticos é um problema, a ciência tem feito sua parte em busca de formas alternativas para atacar as bactérias que causam doenças. E a chave para isso pode estar no metabolismo desses microorganismos.
Os antibióticos atuam inibindo a produção de compostos essenciais para as bactérias. Mas aquelas que já estão resistentes têm conseguido outras formas para obter essas substâncias. Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, desvendaram uma etapa final do metabolismo da bactéria E.coli que indica um caminho para novos medicamentos entrarem em ação.
Com essas informações em mãos, pesquisadores poderão desenvolver substâncias específicas que bloqueiem a etapa identificada e impeçam a sobrevivência desses microorganismos no nosso corpo.

Fontes: Marcos Antonio Cirillo, infectologista do Hospital Santa Catarina (SP); Orlando Conceição, infectologista do Hospital São Luiz (SP); A Saúde de Nossos Filhos - Hospital Irsraelita Albert Einstein

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