sexta-feira, 30 de julho de 2010
Mude e o Mundo Muda em Volta de Você: A Dimensão da Felicidade
Ao longo da história humana, a busca por uma vida plena sempre foi motivo de reflexões, e no passado a Filosofia descrevia a conquista da felicidade como resultado das nossas posturas éticas, das nossas práticas na vida. O mundo seria tão bom quanto nossas ações! Hoje, parece que estamos perdendo essa dimensão ética e cada vez mais os fins justificam os meios.
Quando priorizamos apenas o que nos traz mais vantagens imediatas – mesmo que não seja bom, adequado, justo, aceitável, etc. – abrimos espaço para a insatisfação. Pois ao mesmo tempo que conseguimos separar racionalmente o que deve ser feito do que pode ser feito, não conseguimos fazer isso afetivamente. É assim que perdemos o equilíbrio interno.
Cada vez que violamos nossos princípios, crenças e sonhos em troca de satisfação imediata, entramos em conflito afetivo. Isso pode nem ser percebido conscientemente mas age dentro de nós gerando ansiedade, medo, dúvida, ressentimento, culpa e preocupação, nos levando a uma constante insatisfação com nós mesmos e a vida que levamos…. É um ciclo vicioso.
Por mais alto que nossos desejos e necessidades gritem, não podemos satisfazê-los sem levar em consideração as suas consequências sobre nós mesmos e os outros. Como os filósofos da antiguidade nos ensinaram, o mundo é um reflexo daqueles que o habitam. E a nossa felicidade tem a dimensão e a qualidade do que fazemos no mundo que ajudamos a construir.
Fonte: Escrito originalmente para o Caderno Espaço Vida/Unimed-RS.
domingo, 25 de julho de 2010
Ser o queridinho da mamãe pode ser tão ruim quanto ser a ovelha negra da família
Estudo mostra que irmãos que sentem favoritismo da mãe podem ter depressão na idade adulta
Que criança que se sente rejeitada pelos pais pode ter problemas emocionais não é novidade. O que pesquisadores norte-americanos demonstraram com um estudo realizado com jovens adultos na região de Boston é que os favoritos também sofrem. De acordo com o estudo, os problemas podem persistir durante a idade adulta e se manifestam principalmente em casos de depressão. O que se sente menos favorecido pode depois culpar o irmão ou a mãe, enquanto o preferido sente muito o peso das grandes expectativas dos pais.
A pesquisa também mostrou que, para as mães é difícil evitar o favoritismo: 70% delas citam um filho com o qual mais se identificam. Ao mesmo tempo, apenas 15% dessas mãe sse sentiram igualmente tratadas aos irmãos por suas próprias mães. Já com relação à dificuldade de relacionamento, 92% das crianças e 73% das mães conseguem nomear um filho que é mais “complicado”.
A psicóloga Juliana Delamônica, explica que amar os filhos de forma diferente é normal, mas que o melhor é mesmo evitar demonstrar favoritismos. “A mãe não deve comparar os filhos, dizendo que um faz tal coisa melhor que o outro ou que um é muito mais mal-educado que outro. Sempre fale dos pontos positivos e negativos de cada um.”
Fonte: Crescer
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Sindrome de Asperger
Síndrome de Asperger ou o transtorno de Asperger ou ainda Desordem de Asperger é uma síndrome que está relacionado com o autismo, diferenciando-se deste por não comportar nenhum “atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem”. O termo “síndrome de Asperger” foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma honrar Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990, mais precisamente em 1994 no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na sua quarta edição.
Suspeita-se que Albert Einstein, o físico Isaac Newton, o compositor Mozart e o pintor renascentista Miguel Ângelo também fossem portadores da síndrome, além do cineasta Stanley Kubrick e do filósofo Wittgenstein, bem como Andy Warhol. Outra Asperger de sucesso chama-se Temple Grandin, nos Estados Unidos, uma engenheira e zoóloga, professora universitária. Outro Asperger de sucesso é Syd Barret, vocalista, guitarrista e compositor do Pink Floyd, que devido ao Síndrome de Asperger, viria a só participar no primeiro álbum (maioritariamente) e, minoritariamente, no segundo álbum da banda. Também o vocalista da banda australiana The Vines, Craig Nicholls, foi diagnosticado com a síndrome. Nicholls catalisa toda a sua inteligência na música, criando climas energéticos e totalmente psicadélicos, estando, no entanto, afastado de quase todo o relacionamento social.
Características
Interesses específicos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades;
Rituais ou comportamentos repetitivos;
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com os traços de personalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas);
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interação inter pessoal;
Problemas com comunicação não-verbal;
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
Sinais de Alerta
1. Dificuldade em ler as mensagens sociais e emocionais dos olhares – portadores de SA geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não os conseguem “ler”.
2. Interpretar literalmente – indivíduos com SA têm dificuldade em interpretar coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas.
3. Ser considerado rude e ofensivo – propensos a um comportamento egocêntrico, os Aspergers não captam indiretas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.
4. Honestidade - portadores de Asperger são geralmente considerados “honestos demais” e têm dificuldade em enganar ou mentir, mesmo às custas de magoar alguém.
5. Percepção de erros sociais – à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua “cegueira emocional”, começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar numa fobia.
6. Paranóia – por causa da “cegueira emocional”, pessoas com SA têm problemas para distinguir a diferença entre as atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.
7. Lidar com conflitos – ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.
8. Consciência de magoar os outros – uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis não-intencionais.
9. Consolar os outros – como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com SA têm pouca noção sobre como consolar alguém.
10. Reconhecer sinais de enfado – a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem bastante desatentos e geralmente não percebem quando o seu interlocutor está entediado ou desinteressado.
11. Introspecção e auto-consciência – os indivíduos com SA têm dificuldade de entender os seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios.
12. Vestuário e higiene pessoal – pessoas com SA tendem a ser menos afetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma como se vestem e aos cuidados com a própria aparência.
13. Amor e rancor – como os Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, as suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e fracas.
14. Compreensão de embaraço e passo em falso – apesar do fato de pessoas com SA terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.
15. Lidar com críticas – pessoas com SA sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente ofensivos.
16. Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais – como respondem às interacções sociais com a razão e não com a intuição, os portadores de SA tendem a processar informações de relacionamento muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incómodas.
17. Exaustão – quando um indivíduo com SA começa a entender o processo de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito frequentemente leva a exaustão mental.
Fonte: Google Grupos Saúde mental
Suspeita-se que Albert Einstein, o físico Isaac Newton, o compositor Mozart e o pintor renascentista Miguel Ângelo também fossem portadores da síndrome, além do cineasta Stanley Kubrick e do filósofo Wittgenstein, bem como Andy Warhol. Outra Asperger de sucesso chama-se Temple Grandin, nos Estados Unidos, uma engenheira e zoóloga, professora universitária. Outro Asperger de sucesso é Syd Barret, vocalista, guitarrista e compositor do Pink Floyd, que devido ao Síndrome de Asperger, viria a só participar no primeiro álbum (maioritariamente) e, minoritariamente, no segundo álbum da banda. Também o vocalista da banda australiana The Vines, Craig Nicholls, foi diagnosticado com a síndrome. Nicholls catalisa toda a sua inteligência na música, criando climas energéticos e totalmente psicadélicos, estando, no entanto, afastado de quase todo o relacionamento social.
Características
Interesses específicos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades;
Rituais ou comportamentos repetitivos;
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com os traços de personalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas);
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interação inter pessoal;
Problemas com comunicação não-verbal;
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
Sinais de Alerta
1. Dificuldade em ler as mensagens sociais e emocionais dos olhares – portadores de SA geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não os conseguem “ler”.
2. Interpretar literalmente – indivíduos com SA têm dificuldade em interpretar coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas.
3. Ser considerado rude e ofensivo – propensos a um comportamento egocêntrico, os Aspergers não captam indiretas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.
4. Honestidade - portadores de Asperger são geralmente considerados “honestos demais” e têm dificuldade em enganar ou mentir, mesmo às custas de magoar alguém.
5. Percepção de erros sociais – à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua “cegueira emocional”, começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar numa fobia.
6. Paranóia – por causa da “cegueira emocional”, pessoas com SA têm problemas para distinguir a diferença entre as atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.
7. Lidar com conflitos – ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.
8. Consciência de magoar os outros – uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis não-intencionais.
9. Consolar os outros – como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com SA têm pouca noção sobre como consolar alguém.
10. Reconhecer sinais de enfado – a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem bastante desatentos e geralmente não percebem quando o seu interlocutor está entediado ou desinteressado.
11. Introspecção e auto-consciência – os indivíduos com SA têm dificuldade de entender os seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios.
12. Vestuário e higiene pessoal – pessoas com SA tendem a ser menos afetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma como se vestem e aos cuidados com a própria aparência.
13. Amor e rancor – como os Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, as suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e fracas.
14. Compreensão de embaraço e passo em falso – apesar do fato de pessoas com SA terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.
15. Lidar com críticas – pessoas com SA sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente ofensivos.
16. Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais – como respondem às interacções sociais com a razão e não com a intuição, os portadores de SA tendem a processar informações de relacionamento muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incómodas.
17. Exaustão – quando um indivíduo com SA começa a entender o processo de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito frequentemente leva a exaustão mental.
Fonte: Google Grupos Saúde mental
Alexitimia
É a dificuldade para expressar e descrever sentimentos, bem como a dificuldade para diferenciar com precisão as sensações corporais.
O conceito de Alexitimia é mais bem conhecido hoje do que era há um quarto de século. Trata-se de uma marcante dificuldade para a expressão apropriada da língua, para descrever os sentimentos próprios e para relatar as sensações corporais, uma impressionante habilidade para fantasiar e uma maneira prática e utilitária de pensar (pensamento operante).
O conceito de Alexitimia foi formulado em conseqüência das observações clínicas em Paris e Boston nos anos 1960, sobre uma condição que resultava em certo deficit em pacientes que sofriam de alguma condição psicossomática. Alexitimia, é hoje um termo que diz respeito à marcante dificuldade para usar a comunicação verbal apropriada para expressar e descrever sentimentos, bem como das sensações corporais.
Alexitimia na política e no crime
Existem muitos relatos na Psiquiatria forense, sobre alguns criminosos condenados a longos anos de prisão, à prisão perpétua ou mesmo à morte, que não eram capazes de demostrar nenhuma reação emocional, mesmo quando suas sentenças eram proferidas pelo juíz.
Sifneos cita o relatório sobre um assassino em série que, condenado à morte, não mostrou nenhum sentimento. Também não demonstrou sentimentos enquando eram descritos seus crimes hediondos durante o julgamento. O criminoiso pareceu ser totalmente apático em termos emocionais. Nenhum músculo moveu-se, sua expressão facial era uma tela em branco. Um amigo dele teria descrito-o como um cérebro ambulante. Começou a beber e usar a cocaína quando tinha 13 anos, costumava dizer que preferia matar alguém, ainda que apenas para o divertimento, do que morrer ele próprio. E ria quando falava isso. O crime para ele era como sair de férias ou escalar uma montanha.
Depois das observações iniciais das características clínicas originais para a Alexitimia, mais duas foram acrescidas em 1972 e em 1976, em Londres e em Heidelberg respectivamente. A conferência de Londres afirmava uma hipótese de provável etiologia biológica para a Alexitimia, enquanto a conferência de Heidelberg classificou-a juntamente com os transtornos psicossomáticos.
Durante os 20 anos seguintes, um grande número de estudos clínicos constataram a presença de características alexitímica em porcentagens variadas nos pacientes que sofriam distúrbios clínicos e psiquiátricos diferentes, tais como, no abuso de substâncias, na dor psicogênica, nos transtornos alimentares, nas depressões típicas ou mascaradas, nos ataques do pânico, nos transtornos somatoformes, na personalidade borderline e transtornos sociopáticos da personalidade, bem como em indivíduos normais.
Alexitimia, resumindo, é uma marcante dificuldade para o uso apropriado da linguagem para expressar e descrever sentimentos, bem como a dificuldade para diferenciar com precisão as sensações corporais e uma impressionante capacidade para fantasias.
Causa
A causa da Alexitimia tem preocupado diversos investigadores por muito tempo. Krystal e Freyberger atribuíram estes defeitos à predisposição psicológica. Nemiah e Sifneos, por outro lado, sugeriram defeitos biológicos estruturais como sendo a causa subjacente primária das características alexitímica. Mais recentemente, um grande número de pesquisas neurobiológicas tem retratado muito bem a anatomia e a fisiologia das estruturas cerebrais responsáveis pela postura emocional da pessoa, apesar da complexidade e às vezes dos resultados inconclusivos.
Terapias
Concorda-se, geralmente, que para os indivíduos incapazes verbalizar e diferenciar suas emoções de suas sensações corporais, com um queda para fantasiar, juntamente com uma maneira utilitária de pensar, as psicoterapias dinâmicas são totalmente ineficazes, às vezes até prejudiciais aos pacientes com esse diagnósticos.
Por outro lado, as terapias de suporte, individuais e/ou em grupo, juntamente com medicação psicotrópica parecem oferecer melhores resultados. Uma terapia modificada do psychoeducational foi usada por Krystal e deve também ser considerada. Com as características alexitímicas já mencionadas, foram encontrados portadores desse transtorno não somente nos pacientes que sofrem de uma variedade de doenças emocionais, mas também entre aqueles com personalidades sociopática ou do tipo borderline.
Fonte: psiqweb
O conceito de Alexitimia é mais bem conhecido hoje do que era há um quarto de século. Trata-se de uma marcante dificuldade para a expressão apropriada da língua, para descrever os sentimentos próprios e para relatar as sensações corporais, uma impressionante habilidade para fantasiar e uma maneira prática e utilitária de pensar (pensamento operante).
O conceito de Alexitimia foi formulado em conseqüência das observações clínicas em Paris e Boston nos anos 1960, sobre uma condição que resultava em certo deficit em pacientes que sofriam de alguma condição psicossomática. Alexitimia, é hoje um termo que diz respeito à marcante dificuldade para usar a comunicação verbal apropriada para expressar e descrever sentimentos, bem como das sensações corporais.
Alexitimia na política e no crime
Existem muitos relatos na Psiquiatria forense, sobre alguns criminosos condenados a longos anos de prisão, à prisão perpétua ou mesmo à morte, que não eram capazes de demostrar nenhuma reação emocional, mesmo quando suas sentenças eram proferidas pelo juíz.
Sifneos cita o relatório sobre um assassino em série que, condenado à morte, não mostrou nenhum sentimento. Também não demonstrou sentimentos enquando eram descritos seus crimes hediondos durante o julgamento. O criminoiso pareceu ser totalmente apático em termos emocionais. Nenhum músculo moveu-se, sua expressão facial era uma tela em branco. Um amigo dele teria descrito-o como um cérebro ambulante. Começou a beber e usar a cocaína quando tinha 13 anos, costumava dizer que preferia matar alguém, ainda que apenas para o divertimento, do que morrer ele próprio. E ria quando falava isso. O crime para ele era como sair de férias ou escalar uma montanha.
Depois das observações iniciais das características clínicas originais para a Alexitimia, mais duas foram acrescidas em 1972 e em 1976, em Londres e em Heidelberg respectivamente. A conferência de Londres afirmava uma hipótese de provável etiologia biológica para a Alexitimia, enquanto a conferência de Heidelberg classificou-a juntamente com os transtornos psicossomáticos.
Durante os 20 anos seguintes, um grande número de estudos clínicos constataram a presença de características alexitímica em porcentagens variadas nos pacientes que sofriam distúrbios clínicos e psiquiátricos diferentes, tais como, no abuso de substâncias, na dor psicogênica, nos transtornos alimentares, nas depressões típicas ou mascaradas, nos ataques do pânico, nos transtornos somatoformes, na personalidade borderline e transtornos sociopáticos da personalidade, bem como em indivíduos normais.
Alexitimia, resumindo, é uma marcante dificuldade para o uso apropriado da linguagem para expressar e descrever sentimentos, bem como a dificuldade para diferenciar com precisão as sensações corporais e uma impressionante capacidade para fantasias.
Causa
A causa da Alexitimia tem preocupado diversos investigadores por muito tempo. Krystal e Freyberger atribuíram estes defeitos à predisposição psicológica. Nemiah e Sifneos, por outro lado, sugeriram defeitos biológicos estruturais como sendo a causa subjacente primária das características alexitímica. Mais recentemente, um grande número de pesquisas neurobiológicas tem retratado muito bem a anatomia e a fisiologia das estruturas cerebrais responsáveis pela postura emocional da pessoa, apesar da complexidade e às vezes dos resultados inconclusivos.
Terapias
Concorda-se, geralmente, que para os indivíduos incapazes verbalizar e diferenciar suas emoções de suas sensações corporais, com um queda para fantasiar, juntamente com uma maneira utilitária de pensar, as psicoterapias dinâmicas são totalmente ineficazes, às vezes até prejudiciais aos pacientes com esse diagnósticos.
Por outro lado, as terapias de suporte, individuais e/ou em grupo, juntamente com medicação psicotrópica parecem oferecer melhores resultados. Uma terapia modificada do psychoeducational foi usada por Krystal e deve também ser considerada. Com as características alexitímicas já mencionadas, foram encontrados portadores desse transtorno não somente nos pacientes que sofrem de uma variedade de doenças emocionais, mas também entre aqueles com personalidades sociopática ou do tipo borderline.
Fonte: psiqweb
domingo, 18 de julho de 2010
Crianças com síndrome do X frágil têm desenvolvimento cerebral diferente
Estudo publicado no "Proceedings of the National Academy of Sciences"
O desenvolvimento do cérebro das crianças do sexo masculino que sofrem da síndrome do X frágil difere dos que não sofrem desta doença, refere um estudo publicado no “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
A síndrome do X frágil é uma doença genética provocada por uma mutação num gene localizado no cromossoma X, o FMR-1, sendo a causa mais frequente de atraso mental hereditário e de autismo. Apesar de esta síndrome afectar cerca de uma em 40 mil pessoas, as crianças do sexo masculino desenvolvem mais sintomas do que as crianças do sexo feminino.
Para este estudo, os investigadores da Stanford University School of Medicine, nos EUA, utilizaram a ressonância magnética de alta resolução para monitorizar as alterações que diferenciavam a anatomia do cérebro de 41 meninos que sofriam da síndrome do X frágil e de um grupo de controlo constituído por 21 meninos saudáveis e sete crianças que apresentavam atrasos no desenvolvimento não provocados pela síndrome do X frágil.
As imagens ao cérebro das crianças foram obtidas ao 1 e aos 3 anos de idades; 2 anos após as crianças foram novamente submetidas a este tipo de procedimento.
Através dos primeiros conjuntos de imagens, os investigadores constataram que as crianças que sofriam da síndrome do X frágil tinham abundância de massa cinzenta em algumas regiões do cérebro (tálamo e núcleo caudado) e uma pequena quantidade numa parte do cerebelo denominada de “vérmis”.
Os resultados do estudo sugerem que a mutação genética responsável pelo desenvolvimento da doença já tinha começado a causar alterações identificáveis e consistentes no desenvolvimento do cérebro, talvez até antes do nascimento.
Fonte: Alert Online
O desenvolvimento do cérebro das crianças do sexo masculino que sofrem da síndrome do X frágil difere dos que não sofrem desta doença, refere um estudo publicado no “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
A síndrome do X frágil é uma doença genética provocada por uma mutação num gene localizado no cromossoma X, o FMR-1, sendo a causa mais frequente de atraso mental hereditário e de autismo. Apesar de esta síndrome afectar cerca de uma em 40 mil pessoas, as crianças do sexo masculino desenvolvem mais sintomas do que as crianças do sexo feminino.
Para este estudo, os investigadores da Stanford University School of Medicine, nos EUA, utilizaram a ressonância magnética de alta resolução para monitorizar as alterações que diferenciavam a anatomia do cérebro de 41 meninos que sofriam da síndrome do X frágil e de um grupo de controlo constituído por 21 meninos saudáveis e sete crianças que apresentavam atrasos no desenvolvimento não provocados pela síndrome do X frágil.
As imagens ao cérebro das crianças foram obtidas ao 1 e aos 3 anos de idades; 2 anos após as crianças foram novamente submetidas a este tipo de procedimento.
Através dos primeiros conjuntos de imagens, os investigadores constataram que as crianças que sofriam da síndrome do X frágil tinham abundância de massa cinzenta em algumas regiões do cérebro (tálamo e núcleo caudado) e uma pequena quantidade numa parte do cerebelo denominada de “vérmis”.
Os resultados do estudo sugerem que a mutação genética responsável pelo desenvolvimento da doença já tinha começado a causar alterações identificáveis e consistentes no desenvolvimento do cérebro, talvez até antes do nascimento.
Fonte: Alert Online
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Ciumes em uma visão Analitico Comportamental
Mas afinal, o que seria o ciúmes ?
Podemos dizer que o ciúmes aparece onde alguma situação serve como sinalizador que o reforço não vai ser apresentado. O parceiro interpreta um estimulo como sendo um aviso que vai perder o objeto reforçador e portanto emite todos os operantes para evitar a perda dos reforçadores ( geralmente respostas aversivas e agressivas modeladas por contingências na historia de vida da pessoa ) e respondentes pareados a processos de extinção que o organismo já sofreu anteriormente.
Diante dos estímulos sinalizadores que são descritas como responsáveis pelo ciúme, muitas vezes a pessoa acaba emitindo operantes como:
Fazer inúmeras perguntas a (o) parceira (o); proibir de sair; brigar; chorar; etc. Situações estas que, certamente são aversivas para o outro (a) parceiro (a). A fim de tentar amenizar a situação, este acaba, sem perceber, reforçando o comportamento dito “ciumento” ao dizer frases como: “eu te amo”,” você fica linda ciumenta”, “não precisa se preocupar, jamais te trocaria por ninguém”; ao enumerar as diversas qualidades do “ciumento”, ao oferecer presentes e/ou qualquer outras provas de amor; bem como atender as determinações do ciumento. Em médio prazo o(a) esposo(a) faz uma ligação entre o comportamento ciumento e reforçadores. Portanto as chances do comportamento ciumento ser mantido e aparecer mais vezes é muito maior. Nesse caso ensinamos que quanto mais a pessoa for ciumenta, maior é o cuidado e carinho ela recebe e portanto menor é a chance do(a) parceiro(a) o abandonar.
Por outro lado o (a) Esposo (a) pode se utilizar da mais pura fuga / esquiva e fingir que não esta ouvindo nada e ignorando todo o jogo agressivo e manhoso do ciumento, entrando em ação o processo de extinção. E é ai que a coisa aperta, já que por definição quando um organismo é colocado sob uma contingência de extinção a resposta vai sofrer um grande aumento, pois o organismo vai variar o comportamento buscando que o reforçador seja novamente apresentado. Se já existe uma história previa de que ser ciumento leva ao recebimento dos reforçadores a coisa piora mais ainda. Muitos casais acabam se separando ou tendo brigas intensas por esse motivo. Quando os terapeutas de casal dizem que a conversa entre os parceiros tem um grande papel nas reconciliações, eles não estão errados.
Tanto em uma situação ( reagir com carinho ou apatia ) vai elevar a freqüência das respostas de ciúmes. Tanto uma quanto a outra por reforçamento negativo, já que a intenção do parceiro não é prolongar a briga e nem recompensar o comportamento de ciúmes. A única intenção nesses momentos é fugir de uma situação aversiva. Mas esse procedimento acaba aliviando o parceiro rapidamente, mas aumenta a probabilidade de acontecer novamente. Aumenta progressivamente a pressão dentro do relacionamento, podendo chegar uma hora onde a briga é inevitável.
Mas e se virar briga, o que fazer?
A resposta é complicada. Se atender estará aumentando a freqüência das perguntas, proibições, brigas, choro, etc. Se não atender, corre o risco de ter que enfrentar uma briga ainda maior ou mesmo o fim do relacionamento. Antes de tudo, precisamos pensar em qual é a função do comportamento ciumento. O que esta por trás de todas as brigas, gritos e choros. A topografia da resposta é particularmente inútil para se entender o que se passa. Devemos ter em mente que o ciumento aprendeu a ser ciumento. Seja por reforçamento positivo, negativo ou por um ambiente coercitivo onde se tornar ciumento, briguento e desafiador foram as únicas formas de sobrevivência que o sujeito encontrou para se relacionar com o meio.
Um dos principais erros que acontecem quando falamos de extinção de comportamentos ciumentos é que o processo acaba nunca chegando ao fim. O que geralmente acaba acontecendo é que a extinção acaba se convertendo em um esquema de razão variável. O parceiro tenta extinguir o comportamento ciumento ignorando, mas acaba não resistindo e reforça intermitentemente, dando flores, levando pra jantar ou então tentando “colocar panos quentes a situação”.
Talvez antes de virar briga, o procedimento mais correto seria expor ao parceiro os motivos de descontentamento. Seja do ponto de vista do ciumento ou seja o ponto de vista do parceiro. É importante um falar e o outro escutar e juntos chegarem a um acordo sobre as situações que despertam ciúmes no parceiro.
E se a briga virar agressão física?
Quando se passa de brigas verbais para agressão física o relacionamento não tem mais chances de se tornar saudável ou reestruturado sem a ajuda de um Psicólogo qualificado. Seja em terapia de casal ou mesmo psicoterapia individual, tanto para agressor quanto para o agredido.
Sabemos que casais se completam, tanto em aspectos positivos quanto em negativos. É necessário entender a função do relacionamento e dos comportamentos de ciumes dentro da história de aprendizagem no casal. Quais foram seus modelos ? Como o casal aprendeu sobre o que é um relacionamento ? Os modelos foram saudaveis ?
Todas essas perguntas são importantes para se entender e ter um panorama de como o casal se formou. Todo comportamento possui uma função, inclusive o comportamento violento ou ciumento. É importante os terapeutas enfatizarem que a agressão é inaceitável e o agressor tem total responsabilidade sobre seus atos. Tanto pela violência quanto pelo fim dela. É necessária uma postura rígida do terapeuta, mas nunca moralista.
Um pouco de ciúmes dizem que apimenta o relacionamento e acredito ser saudável. Mas quando o ciúmes se torna patológico e apresenta agressões físicas, verbais e acaba virando uma relação difícil, sofrida ou perigosa pra um dos parceiros, é necessário urgentemente intervenção psicológica e/ou legal com advogados para que a segurança do parceiro agredido seja restabelecida.
Fonte: Psicologia Analitico Comportamental
terça-feira, 13 de julho de 2010
A consciência do mundo desperta
A violência contra as mulheres é o tipo mais generalizado de abuso dos direitos humanos no mundo, apesar de ser também o menos reconhecido. É também um problema grave de saúde, já que mina a energia da mulher, comprometendo sua saúde física e desgastando sua auto-estima. Apesar destes altos custos, a maioria das sociedades do mundo tem instituições sociais que legitimam, obscurecem ou negam este tipo de abuso. Os mesmos atos que seriam punidos se perpetrados contra um empregador, vizinho ou conhecido, com freqüência permanecem impunes quando perpetrados contra as mulheres, especialmente dentro de uma mesma família.
Há mais de duas décadas que os grupos de defesa dos direitos das mulheres vêm procurando atrair mais atenção ao abuso físico, psicológico e sexual das mulheres, salientando a necessidade de ações concretas. Estes grupos colocam abrigos à disposição das mulheres, fazem campanhas para promover reformas legais e desafiam as atitudes e crenças disseminadas que apoiam o comportamento violento contra as mulheres.
Cada vez mais, estes esforços estão tendo resultados. Hoje, existem instituições internacionais que protestam contra a violência de gênero. Pesquisas e estudos estão coletando mais informações sobre a prevalência e a natureza do abuso. Mais organizações, serviços de saúde e autoridades estão reconhecendo que a violência contra as mulheres tem conseqüências graves para sua saúde e para a sociedade.
Um número crescente de programas e profissionais de saúde reprodutiva já entende o papel essencial que têm de cumprir no combate à violência, não somente ajudando as vítimas individualmente mas também prevenindo o abuso. Quanto mais se tomar conhecimento do impacto da violência de gênero e das razões subjacentes, mais programas encontrarão formas de combatê-la.
O que é a violência contra as mulheres?
O termo “violência contra as mulheres” engloba muitos tipos de comportamentos nocivos cujo alvo são mulheres e meninas, simplesmente por serem do sexo feminino. Em 1993, a Assembléia Geral das Nações Unidas introduziu a primeira definição oficial deste tipo de violência quando adotou a Declaração para Eliminação da Violência Contra as Mulheres. De acordo com o Artigo 1 desta declaração, a violência contra as mulheres inclui:
Qualquer ato de violência de gênero que resulte ou possa resultar em dano físico, sexual ou psicológico ou sofrimento para a mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, quer isto ocorra em público ou na vida privada.
Há um consenso crescente, como o refletido na declaração acima, de que os abusos perpetrados contra mulheres e meninas, seja onde e como ocorrerem, são melhor entendidos dentro de um quadro de referência do “gênero”, pois tais abusos surgem em parte da subordinação da mulher e da criança na sociedade.
O artigo 2 da Declaração das Nações Unidas mostra que a definição da violência contra as mulheres deve incluir mas não se limitar aos atos de violência física, sexual e psicológica na família e na comunidade. Estes atos incluem o espancamento conjugal, o abuso sexual de meninas, a violência relacionada a questões de dotes, o estupro, inclusive o estupro conjugal, e outras práticas tradicionais prejudiciais à mulher, tais como a mutilação genital feminina (MGF). Também incluem a violência não conjugal, o assédio e intimidação sexual no trabalho e na escola, o tráfico de mulheres, a prostituição forçada e a violência perpetrada ou tolerada por certos governos, como é o caso do estupro em situações de guerra.
Este número de Population Reports focaliza principalmente dois tipos de violência: (1) o abuso das mulheres no casamento e outros relacionamentos íntimos, e (2) o sexo sob coação, quer este ocorra na infância, adolescência ou idade adulta. Esta abordagem reflete os tipos de abusos mais encontrados nas vidas das mulheres e meninas ao redor do mundo.
Outras formas de abuso-tais como o tráfico de mulheres, o estupro durante as guerras, o infanticídio feminino e a MGF-são também importantes. No entanto, não foram incluídos neste informe por já terem sido considerados separadamente. Ao concentrar-se na violência pelos parceiros íntimos e no sexo coagido, este informe pode discutir com maior profundidade estes problemas e as possíveis respostas dos programas.
A violência contra as mulheres é diferente da violência interpessoal em general. A natureza e os padrões de violência contra os homens, por exemplo, são tipicamente diferentes dos sofridos pelas mulheres. Os homens têm maior probabilidade de serem vítimas de pessoas estranhas ou pouco conhecidas, enquanto que as mulheres têm maior probabilidade de serem vítimas de membros de suas próprias famílias ou de seus parceiros íntimos. Como, freqüentemente, as mulheres estão envolvidas emocionalmente e dependem financeiramente daqueles que as agridem, isto tem profundas implicações sobre a forma em que as mulheres experimentam a violência e sobre a decisão de como melhor intervir no processo.
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA
Há mais de duas décadas que os grupos de defesa dos direitos das mulheres vêm procurando atrair mais atenção ao abuso físico, psicológico e sexual das mulheres, salientando a necessidade de ações concretas. Estes grupos colocam abrigos à disposição das mulheres, fazem campanhas para promover reformas legais e desafiam as atitudes e crenças disseminadas que apoiam o comportamento violento contra as mulheres.
Cada vez mais, estes esforços estão tendo resultados. Hoje, existem instituições internacionais que protestam contra a violência de gênero. Pesquisas e estudos estão coletando mais informações sobre a prevalência e a natureza do abuso. Mais organizações, serviços de saúde e autoridades estão reconhecendo que a violência contra as mulheres tem conseqüências graves para sua saúde e para a sociedade.
Um número crescente de programas e profissionais de saúde reprodutiva já entende o papel essencial que têm de cumprir no combate à violência, não somente ajudando as vítimas individualmente mas também prevenindo o abuso. Quanto mais se tomar conhecimento do impacto da violência de gênero e das razões subjacentes, mais programas encontrarão formas de combatê-la.
O que é a violência contra as mulheres?
O termo “violência contra as mulheres” engloba muitos tipos de comportamentos nocivos cujo alvo são mulheres e meninas, simplesmente por serem do sexo feminino. Em 1993, a Assembléia Geral das Nações Unidas introduziu a primeira definição oficial deste tipo de violência quando adotou a Declaração para Eliminação da Violência Contra as Mulheres. De acordo com o Artigo 1 desta declaração, a violência contra as mulheres inclui:
Qualquer ato de violência de gênero que resulte ou possa resultar em dano físico, sexual ou psicológico ou sofrimento para a mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, quer isto ocorra em público ou na vida privada.
Há um consenso crescente, como o refletido na declaração acima, de que os abusos perpetrados contra mulheres e meninas, seja onde e como ocorrerem, são melhor entendidos dentro de um quadro de referência do “gênero”, pois tais abusos surgem em parte da subordinação da mulher e da criança na sociedade.
O artigo 2 da Declaração das Nações Unidas mostra que a definição da violência contra as mulheres deve incluir mas não se limitar aos atos de violência física, sexual e psicológica na família e na comunidade. Estes atos incluem o espancamento conjugal, o abuso sexual de meninas, a violência relacionada a questões de dotes, o estupro, inclusive o estupro conjugal, e outras práticas tradicionais prejudiciais à mulher, tais como a mutilação genital feminina (MGF). Também incluem a violência não conjugal, o assédio e intimidação sexual no trabalho e na escola, o tráfico de mulheres, a prostituição forçada e a violência perpetrada ou tolerada por certos governos, como é o caso do estupro em situações de guerra.
Este número de Population Reports focaliza principalmente dois tipos de violência: (1) o abuso das mulheres no casamento e outros relacionamentos íntimos, e (2) o sexo sob coação, quer este ocorra na infância, adolescência ou idade adulta. Esta abordagem reflete os tipos de abusos mais encontrados nas vidas das mulheres e meninas ao redor do mundo.
Outras formas de abuso-tais como o tráfico de mulheres, o estupro durante as guerras, o infanticídio feminino e a MGF-são também importantes. No entanto, não foram incluídos neste informe por já terem sido considerados separadamente. Ao concentrar-se na violência pelos parceiros íntimos e no sexo coagido, este informe pode discutir com maior profundidade estes problemas e as possíveis respostas dos programas.
A violência contra as mulheres é diferente da violência interpessoal em general. A natureza e os padrões de violência contra os homens, por exemplo, são tipicamente diferentes dos sofridos pelas mulheres. Os homens têm maior probabilidade de serem vítimas de pessoas estranhas ou pouco conhecidas, enquanto que as mulheres têm maior probabilidade de serem vítimas de membros de suas próprias famílias ou de seus parceiros íntimos. Como, freqüentemente, as mulheres estão envolvidas emocionalmente e dependem financeiramente daqueles que as agridem, isto tem profundas implicações sobre a forma em que as mulheres experimentam a violência e sobre a decisão de como melhor intervir no processo.
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA
Hipersonia
Equipe Editorial Bibliomed
A Hipersonia, ou Sonolência Excessiva, é um distúrbio onde a pessoa possui dificuldade para se manter acordada durante o dia. As pessoas que sofrem de Hipersonia podem cair no sono a qualquer momento, inclusive enquanto estão dirigindo.
Os pacientes afetados pela Hipersonia também apresentam outros sintomas relacionados à privação de sono, incluindo falta de energia para as atividades diárias e dificuldade de raciocínio e concentração.
Estudos recentes sugerem que a Hipersonia afeta até 40% das pessoas em algum momento de suas vidas.
O que causa a Hipersonia?
As principais causas de Hipersonia incluem:
- Narcolepsia
- Apnéia obstrutiva do Sono
- Obesidade
- Alcoolismo
- Traumas na cabeça ou doenças neurológicas (p.ex.: esclerose múltipla)
- Uso regular de tranqüilizantes
- Problemas genéticos
Como a Hipersonia é diagnosticada?
O primeiro passo é a consulta médica. A partir dos dados colhidos na consulta e da avaliação do seu padrão de sono, o médico poderá levantar a possibilidade de Hipersonia e solicitar alguns exames complementares.
Os principais testes a serem realizados incluem exames de sangue, tomografia computadorizada do crânio, eletroencefalograma e Polissonografia.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da hipersonia pode ser feito com medicamentos estimulantes, antidepressivos e mudanças em certos hábitos (p.ex.: estabelecer horários fixos para dormir e acordar; evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cafeína, especialmente à noite; preparar melhor o ambiente do quarto na hora de dormir, cortando televisão e luzes muito fortes, etc).
É importante informar seu médico sobre todo e qualquer medicamento que você estiver utilizando, uma vez que alguns remédios podem causar sonolência durante o dia ou interferir com a qualidade do seu sono à noite.
Se a hipersonia tiver como causa a Apnéia Obstrutiva do Sono, o médico poderá prescrever um tratamento chamado Pressão Positiva Contínua das Vias Aéreas, ou CPAP (do inglês continuous positive airway pressure), que consiste no uso de uma máscara sobre o nariz durante o sono. Uma máquina pressurizadora é conectada à máscara, fornecendo um fluxo contínuo de ar pelas narinas, mantendo as vias aéreas abertas.
A Hipersonia, ou Sonolência Excessiva, é um distúrbio onde a pessoa possui dificuldade para se manter acordada durante o dia. As pessoas que sofrem de Hipersonia podem cair no sono a qualquer momento, inclusive enquanto estão dirigindo.
Os pacientes afetados pela Hipersonia também apresentam outros sintomas relacionados à privação de sono, incluindo falta de energia para as atividades diárias e dificuldade de raciocínio e concentração.
Estudos recentes sugerem que a Hipersonia afeta até 40% das pessoas em algum momento de suas vidas.
O que causa a Hipersonia?
As principais causas de Hipersonia incluem:
- Narcolepsia
- Apnéia obstrutiva do Sono
- Obesidade
- Alcoolismo
- Traumas na cabeça ou doenças neurológicas (p.ex.: esclerose múltipla)
- Uso regular de tranqüilizantes
- Problemas genéticos
Como a Hipersonia é diagnosticada?
O primeiro passo é a consulta médica. A partir dos dados colhidos na consulta e da avaliação do seu padrão de sono, o médico poderá levantar a possibilidade de Hipersonia e solicitar alguns exames complementares.
Os principais testes a serem realizados incluem exames de sangue, tomografia computadorizada do crânio, eletroencefalograma e Polissonografia.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da hipersonia pode ser feito com medicamentos estimulantes, antidepressivos e mudanças em certos hábitos (p.ex.: estabelecer horários fixos para dormir e acordar; evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cafeína, especialmente à noite; preparar melhor o ambiente do quarto na hora de dormir, cortando televisão e luzes muito fortes, etc).
É importante informar seu médico sobre todo e qualquer medicamento que você estiver utilizando, uma vez que alguns remédios podem causar sonolência durante o dia ou interferir com a qualidade do seu sono à noite.
Se a hipersonia tiver como causa a Apnéia Obstrutiva do Sono, o médico poderá prescrever um tratamento chamado Pressão Positiva Contínua das Vias Aéreas, ou CPAP (do inglês continuous positive airway pressure), que consiste no uso de uma máscara sobre o nariz durante o sono. Uma máquina pressurizadora é conectada à máscara, fornecendo um fluxo contínuo de ar pelas narinas, mantendo as vias aéreas abertas.
Sono, Memória e Aprendizado.
Equipe Editorial Bibliomed
O sono se relaciona diretamente com o processo de memória. No entanto descrever como é sua participação é um procedimento complicado, já que tanto o sono quanto o aprendizado consistem em processos qualitativos de diferentes estágios, cada um envolvendo processos bioquímicos separados e localizações neurológicas diferentes.
Por exemplo, a memória é dividida em 2 tipos, declarada e não declarada (esta com inúmeros subtipos), cada uma das quais envolvendo vários estágios (estabilização, aumento, etc). Finalmente, determinar em que momento o aprendizado ocorreu, depende da graduação escolhida. A conclusão dessa complexidade faz com que os diversos autores tenham opiniões diferentes.
Como se subdivide o sono humano?
Através da análise do eletroencefalograma (EEG), podemos dividir o sono em 2 fases distintas: a fase de ondas lentas ou slow-wave sleep (SWS) e a fase rapid-eye--movement (REM). A fase SWS pode ainda ser subdividida em Fases 1, 2, 3 e 4(1). É nesta fase que ocorre a maioria dos sonhos. Em cada noite de sono, há uma alternância (em média) cada 90 minutos entre as fases SWS e REM(1), mas na segunda parte da noite predomina a fase REM(9).
Como o sono interfere com a memória?
Experiências com ratos mostraram que qualquer alteração que ocorra no tipo de sono pode interferir no processo de memória. Uma hipótese atual demonstra que a fase de ondas lentas (SWS), está envolvida no processo de limpeza da memória antiga, que não está em uso, enquanto que o sono REM (fase rapid-eye—movement), se relaciona ao processo de retenção de novos conhecimentos.
Algumas controvérsias existem com relação ao sono e o sistema de memorização e aprendizado. Os conceitos existentes, relacionados a sono REM foram especificamente modificados, após o caso de um paciente israelita, que teve seu sono REM abolido, após uma lesão cerebral. Nos 35 anos seguintes este homem prosperou surpreendentemente como advogado, pintor e "inventor" de palavras cruzadas. Amigos o descreviam como uma pessoa completamente normal. Desafortunadamente outros casos como este não foram descritos ou acompanhados pela literatura, para uma melhor descrição dos casos de pacientes com alteração do sono REM.
O aprendizado de ações que envolvem técnicas aumenta tanto em acurácia, quanto em velocidade, após o sono, embora uma "intensificação" do sono não suprima a necessidade da intensificação da pratica para o domínio da técnica.
Conclusão:
Até o presente, é prudente concluir, que todos os tipos de sono se relacionam à consolidação da memória e não existe a necessidade especifica de um tipo de sono para sua consolidação. Para finalizar, descobriu-se também que existem alguns tipos de memória que não são potencializadas pelo sono. Porém, no entanto, não existe, como foi descrito anteriormente, uma dissociação entre memória e sono, ambos estão interligados.
O sono se relaciona diretamente com o processo de memória. No entanto descrever como é sua participação é um procedimento complicado, já que tanto o sono quanto o aprendizado consistem em processos qualitativos de diferentes estágios, cada um envolvendo processos bioquímicos separados e localizações neurológicas diferentes.
Por exemplo, a memória é dividida em 2 tipos, declarada e não declarada (esta com inúmeros subtipos), cada uma das quais envolvendo vários estágios (estabilização, aumento, etc). Finalmente, determinar em que momento o aprendizado ocorreu, depende da graduação escolhida. A conclusão dessa complexidade faz com que os diversos autores tenham opiniões diferentes.
Como se subdivide o sono humano?
Através da análise do eletroencefalograma (EEG), podemos dividir o sono em 2 fases distintas: a fase de ondas lentas ou slow-wave sleep (SWS) e a fase rapid-eye--movement (REM). A fase SWS pode ainda ser subdividida em Fases 1, 2, 3 e 4(1). É nesta fase que ocorre a maioria dos sonhos. Em cada noite de sono, há uma alternância (em média) cada 90 minutos entre as fases SWS e REM(1), mas na segunda parte da noite predomina a fase REM(9).
Como o sono interfere com a memória?
Experiências com ratos mostraram que qualquer alteração que ocorra no tipo de sono pode interferir no processo de memória. Uma hipótese atual demonstra que a fase de ondas lentas (SWS), está envolvida no processo de limpeza da memória antiga, que não está em uso, enquanto que o sono REM (fase rapid-eye—movement), se relaciona ao processo de retenção de novos conhecimentos.
Algumas controvérsias existem com relação ao sono e o sistema de memorização e aprendizado. Os conceitos existentes, relacionados a sono REM foram especificamente modificados, após o caso de um paciente israelita, que teve seu sono REM abolido, após uma lesão cerebral. Nos 35 anos seguintes este homem prosperou surpreendentemente como advogado, pintor e "inventor" de palavras cruzadas. Amigos o descreviam como uma pessoa completamente normal. Desafortunadamente outros casos como este não foram descritos ou acompanhados pela literatura, para uma melhor descrição dos casos de pacientes com alteração do sono REM.
O aprendizado de ações que envolvem técnicas aumenta tanto em acurácia, quanto em velocidade, após o sono, embora uma "intensificação" do sono não suprima a necessidade da intensificação da pratica para o domínio da técnica.
Conclusão:
Até o presente, é prudente concluir, que todos os tipos de sono se relacionam à consolidação da memória e não existe a necessidade especifica de um tipo de sono para sua consolidação. Para finalizar, descobriu-se também que existem alguns tipos de memória que não são potencializadas pelo sono. Porém, no entanto, não existe, como foi descrito anteriormente, uma dissociação entre memória e sono, ambos estão interligados.
Apnéia do Sono
Equipe Editorial Bibliomed
Algumas pessoas apresentam sonolência diurna excessiva, que pode ser por apnéia do sono (da qual vamos falar adiante), por privação do sono, por doenças físicas, ou, mais raramente, por um distúrbio conhecido como narcolepsia, que possui tratamento. A narcolepsia parece ter causas familiares e auto-imunes, e se manifesta por sonolência diurna praticamente constante e sono imediato em condições monótonas.
Mas também podem ocorrer problemas com a qualidade do seu sono. Algumas vezes são distúrbios motores, que podem retardar ou desorganizar o curso do sono normal, prejudicando o seu desempenho ao longo do dia, mesmo quando passam desapercebidos durante a noite. Podemos citar:
Bruxismo, que é um ranger noturno dos dentes, de origem familiar ou relacionado à tensão e ansiedade. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não está relacionado com verminose. Em alguns casos, o barulho pode ser intenso ou até provocar dor na cabeça ou nas articulações, responsáveis pela abertura da boca. O uso de mordedor ou protetor dos dentes para dormir ajuda a reduzir o barulho e as dores, mas não acaba com o bruxismo.
A Síndrome das pernas inquietas consiste de sensações desagradáveis na panturrilha e de um impulso a mover as pernas que levam a movimentos descontrolados ou ao ato de esfregar as pernas para aliviar temporariamente o desconforto. Pode ocorrer em até 40% dos idosos normais e pode ter relação familiar.
O Pavor noturno afeta principalmente crianças em torno dos 3 ou 4 anos de idade, quando estão conhecendo o mundo e tentando compreendê-lo com seu pensamento mágico. Nos raros casos em que afeta adultos, está relacionado a crises pessoais, excesso de álcool ou drogas, distúrbios psiquiátricos graves ou lesões cerebrais.
O último destes distúrbios seria o Sonambulismo, mais comum no final da infância, mas que pode se estender até a metade da vida. Alguns casos mais graves, que colocam em risco a vida do pacientes, devem ser tratados com medicamentos.
Apnéia do Sono
Este é um problema relativamente freqüente, que pode nem ser notado pelo paciente e que, às vezes, é bastante grave. Pode ocorrer em conseqüência de doenças do coração ou pulmão, de distúrbios neurológicos ou neuromusculares, ou, mais freqüentemente, de alterações anatômicas que provoquem obstrução nas vias respiratórias. A obesidade é uma causa importante da apnéia do sono, pois além dela obstruir as vias respiratórias (dificultando a passagem do ar), o volume aumentado da barriga impede os movimentos adequados dos músculos respiratórios.
A apnéia interfere na qualidade do sono e, quando ocorre freqüentemente, mesmo sendo imperceptível, produz fadiga e sonolência diurna, com alteração da personalidade, redução da capacidade de trabalho e lentidão do raciocínio. No caso de pacientes excessivamente obesos, se o problema não for corrigido, podem ocorrer problemas de coração e de pressão arterial. A perda de peso e o exercício físico podem ser eficazes em resolver este problema, mas, algumas vezes, são necessários equipamentos que auxiliem a respiração durante o sono.
Conclusão
Os distúrbios do sono existem e muitas vezes prejudicam a vida diária dos indivíduos. Entretanto, Já existem soluções que podem, no mínimo, reduzir os problemas gerados por eles. Se você acha que está sofrendo de algum destes distúrbios, tente observar o que está prejudicando seu sono, e tente, na medida do possível, minimizar estes obstáculos. Caso você considere isso difícil, não se assuste, você não é diferente de ninguém, procure ajuda médica
Algumas pessoas apresentam sonolência diurna excessiva, que pode ser por apnéia do sono (da qual vamos falar adiante), por privação do sono, por doenças físicas, ou, mais raramente, por um distúrbio conhecido como narcolepsia, que possui tratamento. A narcolepsia parece ter causas familiares e auto-imunes, e se manifesta por sonolência diurna praticamente constante e sono imediato em condições monótonas.
Mas também podem ocorrer problemas com a qualidade do seu sono. Algumas vezes são distúrbios motores, que podem retardar ou desorganizar o curso do sono normal, prejudicando o seu desempenho ao longo do dia, mesmo quando passam desapercebidos durante a noite. Podemos citar:
Bruxismo, que é um ranger noturno dos dentes, de origem familiar ou relacionado à tensão e ansiedade. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não está relacionado com verminose. Em alguns casos, o barulho pode ser intenso ou até provocar dor na cabeça ou nas articulações, responsáveis pela abertura da boca. O uso de mordedor ou protetor dos dentes para dormir ajuda a reduzir o barulho e as dores, mas não acaba com o bruxismo.
A Síndrome das pernas inquietas consiste de sensações desagradáveis na panturrilha e de um impulso a mover as pernas que levam a movimentos descontrolados ou ao ato de esfregar as pernas para aliviar temporariamente o desconforto. Pode ocorrer em até 40% dos idosos normais e pode ter relação familiar.
O Pavor noturno afeta principalmente crianças em torno dos 3 ou 4 anos de idade, quando estão conhecendo o mundo e tentando compreendê-lo com seu pensamento mágico. Nos raros casos em que afeta adultos, está relacionado a crises pessoais, excesso de álcool ou drogas, distúrbios psiquiátricos graves ou lesões cerebrais.
O último destes distúrbios seria o Sonambulismo, mais comum no final da infância, mas que pode se estender até a metade da vida. Alguns casos mais graves, que colocam em risco a vida do pacientes, devem ser tratados com medicamentos.
Apnéia do Sono
Este é um problema relativamente freqüente, que pode nem ser notado pelo paciente e que, às vezes, é bastante grave. Pode ocorrer em conseqüência de doenças do coração ou pulmão, de distúrbios neurológicos ou neuromusculares, ou, mais freqüentemente, de alterações anatômicas que provoquem obstrução nas vias respiratórias. A obesidade é uma causa importante da apnéia do sono, pois além dela obstruir as vias respiratórias (dificultando a passagem do ar), o volume aumentado da barriga impede os movimentos adequados dos músculos respiratórios.
A apnéia interfere na qualidade do sono e, quando ocorre freqüentemente, mesmo sendo imperceptível, produz fadiga e sonolência diurna, com alteração da personalidade, redução da capacidade de trabalho e lentidão do raciocínio. No caso de pacientes excessivamente obesos, se o problema não for corrigido, podem ocorrer problemas de coração e de pressão arterial. A perda de peso e o exercício físico podem ser eficazes em resolver este problema, mas, algumas vezes, são necessários equipamentos que auxiliem a respiração durante o sono.
Conclusão
Os distúrbios do sono existem e muitas vezes prejudicam a vida diária dos indivíduos. Entretanto, Já existem soluções que podem, no mínimo, reduzir os problemas gerados por eles. Se você acha que está sofrendo de algum destes distúrbios, tente observar o que está prejudicando seu sono, e tente, na medida do possível, minimizar estes obstáculos. Caso você considere isso difícil, não se assuste, você não é diferente de ninguém, procure ajuda médica
sexta-feira, 9 de julho de 2010
O uso da Punição como agente educador
Geralmente a tarefa de ser pai ou mãe é realmente muito ardua e trabalhosa, mas sempre muito recompensadora.
Os pais tendem a ficar muito angustiados com comportamentos que seus filhos apresentam, especialmente quando esses comportamento produzem algum tipo de problema. Esta conduta comumente é chamada pelo senso comum de disfuncional; e os comportamentos causadores do problema, de inadequados – pois são diferentes dos quais os parentes da criança julgam corretos. Os pais, por não conseguirem lidar com o problema, acabam agindo de forma bem intencionada; mas que não vai ter o efeito desejado; e pior, trazem mais consequências desagradaveis para o lar.
Talvez o questionamento mais frequente que os pais fazem aos Psicólogos e Educadores seja sobre o ato de punir. Até que ponto uma palmada ou bronca fazem efeito quando aplicada em uma criança tida como desobediente (por exemplo).
Bem, por definição, o ato de punir significa uma ação no ambiente que tem como propriedade a interrupção imediata do comportamento inadequado, como gritar em um lugar público por exemplo. Muitas vezes, para acabar com uma birra ou comportamento inadequado de qualquer ordem, os pais recorrem a punição como única alternativa. Existem, porém, várias outras formas de educar sem que se faça uso da punição.
Existem dois tipos de processo punitivo. O primeiro é a punição positiva; que, diferentemente do que o nome parece sugerir, ela não tem nada de legal. A punição positiva é assim descrita, por que adiciona um estimulo aversivo no ambiente que interrompe imediatamente o comportamento inadequado da criança ou seja, é uma ação do pai/mãe/responsável que faz com que a criança pare de se comportar inadequadamente na mesmo hora. Como exemplo, podemos falar que se uma criança está se quebrando alguma coisa e o pai vem e da um beliscão nela, a probabilidade dela parar de quebrar as coisas vai ser grande.
O grande problema, é que existem efeitos colaterais muitas vezes intensos; e que por isso, nem sempre justifica-se o uso da punição positiva. Um dos principais efeitos colaterais é que o comportamento causador do problema vai continuar acontecendo quando o agente punidor (mãe, pai ou responsavel) não estiver presente; ou seja , não existe modificação eficiente do comportamento problema, mas um deslocamento para uma situação onde o agente punidor não está presente. Podemos dizer, além disso, que a punição positiva apenas mostra a criança o que ela não deve fazer, mas não ensina o que ela deve fazer. Por sí só, esse efeito já desqualifica o uso da punição positiva para educar.
O bater pode levar a consequências mais perigosas, pois dependendo da estrutura psicológica dos pais, pode levar a um quadro de abuso fisico ou psicológico que se transforma em espancamentos e intenso medo na criança; podendo gerar stress pós traumatico e outros problemas como timidez e problemas nos relacionamentos afetivos e sociais.
Por outro lado existe outro tipo de punição de comportamentos inadequados, os analistas do comportamento chamam de “Punição Negativa”.
Nesse tipo de comportamento punitivo, podemos dizer que existe uma retirada de um estimulo reforçador como punição a um comportamento inadequado. Como exemplo, podemos usar a situação onde uma mãe retira o video game do filho que tirou notas baixas na escola ou então da retirada da sobremesa da filha que desobedeceu. É importante dizer que a punição negativa não necessariamente implica em retirada de um reforçador contingente a resposta inadequada, mas a qualquer reforçador para a criança.
A punição negativa parece ser uma forma de lidar com comportamentos problemas mais eficaz que a punição positiva e menos aversiva para o processo de educação. É importante ressaltar que a criança deve estar sendo comunicada com clareza sobre os motivos que levaram a retirada de um estimulo importante para ela.
Os pais devem colocar limites; regras claras e especificas. E quando essas regras são quebradas, devem aplicar as penalidades já acordadas com os filhos, ajudando-os a fazerem a ligação entre o descumprimento da regra e a conseqüência disso. Eles precisam saber o motivo da punição aplicada.
Existem métodos mais eficientes na educação como o reforço diferencial de outras (comportamentos) respostas (DRO) ou o reforço diferencial de (comportamentos) respostas alternativas (DRA). Essas duas formas além de extinguir os comportamentos “inadequados” das crianças sem recorrer a punição, ainda ensinam o comportamento esperado como alternativa ao comportamento (a ser eliminado) inadequado, que na aplicação do reforçamento diferencial, não vão ser consequênciadas, entrando em extinção e sendo substituidas por comportamentos adaptativos.
Fonte: PsicologiaeCiência
Entendendo a inveja na visão kleiniana
A inveja é um sentimento extremamente primitivo, imediato e voraz. A ação invejosa tem sempre, por trás, um conteúdo agressivo. Inicialmente, o bebê tem o seio da mãe como objeto ideal. Então ele passa a querer ter o seio. Quando a mãe sai, desperta no bebê um desespero. Ele fica constantemente ansioso e quer reter a mãe. Klein encontra aí as raízes primitivas da inveja - o movimento de arrancar do outro para ter para si.
O comportamento invejoso visa retirar a bondade dos objetos a fim de introjetá-la. Ao se questinar sobre a necessidade de ter algo que deseja, a conclusão nos diz que aquilo vai nos trazer algo de bom. Entre mulheres, por exemplo, é comum que uma amiga elogie o sapato da outra e pergunte onde ela comprou porque deseja um igual, ou do mesmo estilo, ou da mesma cor. Essa parte é até saudável. Agora, no movimento agressivo de retirar do outro, o objeto bom e ideal se torna mau e destruído. O bebê introjeta objetos destruídos, o que gera um ciclo prejudicial. Ao ter os mundos interno e externo destruídos, o ego se estilhaça buscando um objeto de gratificação. Já falamos sobre estilhaçamento de ego no texto sobre posição esquizo-paranóide.
O que diferencia, basicamente, a inveja do ciúme é que o ciúme é uma relação de três elementos (eu, o outro, e um terceiro que me ameaça de perder o outro), e a inveja, de dois (eu e algo que quero ter ou ser).
Existe uma relação saudável com o sentimento de inveja, indo além do significado comum que a palavra tinha até então. Inveja é algo que todos sentem, mas sentir é diferente de atuar sobre ela. Sentir inveja não faz de alguém um invejoso. A voracidade e agressividade existentes por trás de um comportamento invejoso é o que é extremamente prejudicial e negativo. Já que você quer o objeto para si e para isso realiza comportamentos agressivos.
Todos têm inveja, todos desejam algo que não têm. Isso é natural, humano. O que nos diferencia do bebê é nossa capacidade de reconhecer a inveja que sentimos e não alimentá-la, ou canalizá-la. O bebê não pode dizer: -"Nossa, eu quero muito isso. Mas posso trabalhar para conseguir e não preciso arrancar do outro." Nós podemos. Mesmo que se queira muito um objeto, tirar do outro nem sempre é a única maneira de ter.
Parece contraditório, mas é preciso reconhecer sentir a inveja para não se tornar um invejoso. .
Fonte: Olhares - Psi
O comportamento invejoso visa retirar a bondade dos objetos a fim de introjetá-la. Ao se questinar sobre a necessidade de ter algo que deseja, a conclusão nos diz que aquilo vai nos trazer algo de bom. Entre mulheres, por exemplo, é comum que uma amiga elogie o sapato da outra e pergunte onde ela comprou porque deseja um igual, ou do mesmo estilo, ou da mesma cor. Essa parte é até saudável. Agora, no movimento agressivo de retirar do outro, o objeto bom e ideal se torna mau e destruído. O bebê introjeta objetos destruídos, o que gera um ciclo prejudicial. Ao ter os mundos interno e externo destruídos, o ego se estilhaça buscando um objeto de gratificação. Já falamos sobre estilhaçamento de ego no texto sobre posição esquizo-paranóide.
O que diferencia, basicamente, a inveja do ciúme é que o ciúme é uma relação de três elementos (eu, o outro, e um terceiro que me ameaça de perder o outro), e a inveja, de dois (eu e algo que quero ter ou ser).
Existe uma relação saudável com o sentimento de inveja, indo além do significado comum que a palavra tinha até então. Inveja é algo que todos sentem, mas sentir é diferente de atuar sobre ela. Sentir inveja não faz de alguém um invejoso. A voracidade e agressividade existentes por trás de um comportamento invejoso é o que é extremamente prejudicial e negativo. Já que você quer o objeto para si e para isso realiza comportamentos agressivos.
Todos têm inveja, todos desejam algo que não têm. Isso é natural, humano. O que nos diferencia do bebê é nossa capacidade de reconhecer a inveja que sentimos e não alimentá-la, ou canalizá-la. O bebê não pode dizer: -"Nossa, eu quero muito isso. Mas posso trabalhar para conseguir e não preciso arrancar do outro." Nós podemos. Mesmo que se queira muito um objeto, tirar do outro nem sempre é a única maneira de ter.
Parece contraditório, mas é preciso reconhecer sentir a inveja para não se tornar um invejoso. .
Fonte: Olhares - Psi
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Inteligência Emocional
Inteligência emocional é a capacidade de entender, REFLETIR, sentir, controlar e MODIFICAR o próprio estado emocional. Para ter inteligência emocional é preciso em primeiro lugar ter autoconhecimento que por sua vez exige uma profunda reflexão. Faça a sua reflexão com as perguntas abaixo:
Como é que eu seria e viveria se fosse diferente no aspecto físico, se fosse mais atraente?
Como é que seria, trabalharia, viveria e me relacionaria, se me livrasse dos meus problemas físicos: insônia, cansaço constante, dores nas costas, dor de cabeça e tantos outros?
Como é que eu seria, viveria, se me libertasse dos complexos, traumas, recalques, pensamentos negativos insistentes e problemas emocionais?
Como é que eu seria se tivesse vivido em outro ambiente e com outras influências: família, país, educação, trabalho?
Certamente podia ter se desenvolvido em mim algo de bem melhor.
Se isto é verdade por que é que não mudo?
Eu posso fazer ginástica, uma cirurgia plástica, fazer tratamento médico e psicológico.
Eu posso ler, me desenvolver.
O que é então que impede de me transformar, evoluir, ser mais livre, mais realizado, realizador e feliz?
Porque continuo carregando o peso de uma imagem que não gosto, uma enxaqueca que dificulta a minha concentração, pensamentos que me deprimem, um trabalho que me deixa estressado?
Se eu pudesse tirar estes pesos não seria mais feliz?
O que seria eu hoje, se as energias que investi para me reprimir, depois para me desreprimir, tivesse investido para me desenvolver plenamente?
Em que tenho investido as minhas energias? Minha capacidade física, minha inteligência, vontade, imaginação e afetividade?
Tenho investido as energias para evoluir verdadeiramente? Ou ao invés, invisto as energias em fantasias, para assim diminuir meu potencial?
Quais as fantasias que me sugam as energias e impedem que, enfrentando a realidade, eu me desenvolva?
Quais são as pessoas, os programas de televisão, as religiões, as filosofias, as ideologias, que me puxam para a irrealidade?
Quão mais inteligente seria eu hoje, quão mais forte de vontade, quão mais capaz, mais realizado e feliz se, em vez de me desgastarem as fantasias que a mídia, escola, religião e política impõem, tivesse investido meus talentos para liberar as minhas potencialidades?
Eu não sou macaco não. Eu faço reflexões!
Caro leitor: o que você está fazendo para desenvolver a sua inteligência emocional?
Fonte: | Autoconhecimento & Consciência
terça-feira, 6 de julho de 2010
Qualidade de Vida: Trabalhar é preciso... Viver também é!
Fernanda Pallone [NandaPallone]
Hoje em dia fala-se muito em qualidade de vida. Há alguns anos a vida era bem diferente. A maioria das pessoas conseguia trabalhar em horários mais convencionais, poucos precisavam ter dois empregos, dobrar turnos e tinham mais tempo, disponibilidade e disposição para momentos de lazer com a família e os amigos.
O conceito de “Qualidade de Vida” nem era tão superestimado, pois era possível.
Em grandes metrópoles como a cidade de São Paulo, há muito se ouve falar da correria, do trânsito e da violência. Mas a “Paulicéia desvairada” já alcançou até as cidades antes pacatas, consideradas “do interior”.
As pessoas trabalham mais de oito horas por dia a fim de ter uma vida satisfatória, ao menos financeiramente. Não têm mais tempo para a família, até porque, muitas vezes, a maior parte dos integrantes da família trabalha nesse mesmo ritmo.
Até mesmo as crianças andam cheias de compromissos. Além da escola elas têm aula de natação, inglês, espanhol, computação, judô, ballet, expressão corporal... E chegam à noite esgotadas, sem pique para conversar, brincar com os pais. Precisam dormir cedo para, mais ou menos descansados, iniciar mais um dia atribulado.
E quais podem ser as conseqüências dessa vida que levamos?
Algumas conseqüências dessa correria desenfreada são o estresse, pressão alta, depressão, baixa auto-estima. Sem falar nos problemas familiares que podem ser desencadeados pela falta de tempo de se manter um relacionamento saudável com diálogo e companheirismo.
Talvez exista até certo preconceito com pessoas que conseguem se desligar do trabalho e assistir TV com a família, passear no Shopping, ler um livro, pois a “moda” é colocar o trabalho em primeiro plano. Aliás, virou lugar-comum ouvir a frase: “Não tenho tempo”. A pessoa ocupada é mais valorizada socialmente. Mas precisamos impor um limite entre o trabalho e o lazer. É necessário um tempo para se desconectar do trabalho e passear com a família, conversar com os amigos, aproveitar o convívio com os filhos, apreciar um pôr de Sol.
Assim, podemos conseguir evitar o estresse e os males que o acompanham, e até como conseqüência, aumentar o rendimento no trabalho. Quem sabe assim alcançaremos a tão sonhada Qualidade de Vida!
Fonte: redepsi
Hoje em dia fala-se muito em qualidade de vida. Há alguns anos a vida era bem diferente. A maioria das pessoas conseguia trabalhar em horários mais convencionais, poucos precisavam ter dois empregos, dobrar turnos e tinham mais tempo, disponibilidade e disposição para momentos de lazer com a família e os amigos.
O conceito de “Qualidade de Vida” nem era tão superestimado, pois era possível.
Em grandes metrópoles como a cidade de São Paulo, há muito se ouve falar da correria, do trânsito e da violência. Mas a “Paulicéia desvairada” já alcançou até as cidades antes pacatas, consideradas “do interior”.
As pessoas trabalham mais de oito horas por dia a fim de ter uma vida satisfatória, ao menos financeiramente. Não têm mais tempo para a família, até porque, muitas vezes, a maior parte dos integrantes da família trabalha nesse mesmo ritmo.
Até mesmo as crianças andam cheias de compromissos. Além da escola elas têm aula de natação, inglês, espanhol, computação, judô, ballet, expressão corporal... E chegam à noite esgotadas, sem pique para conversar, brincar com os pais. Precisam dormir cedo para, mais ou menos descansados, iniciar mais um dia atribulado.
E quais podem ser as conseqüências dessa vida que levamos?
Algumas conseqüências dessa correria desenfreada são o estresse, pressão alta, depressão, baixa auto-estima. Sem falar nos problemas familiares que podem ser desencadeados pela falta de tempo de se manter um relacionamento saudável com diálogo e companheirismo.
Talvez exista até certo preconceito com pessoas que conseguem se desligar do trabalho e assistir TV com a família, passear no Shopping, ler um livro, pois a “moda” é colocar o trabalho em primeiro plano. Aliás, virou lugar-comum ouvir a frase: “Não tenho tempo”. A pessoa ocupada é mais valorizada socialmente. Mas precisamos impor um limite entre o trabalho e o lazer. É necessário um tempo para se desconectar do trabalho e passear com a família, conversar com os amigos, aproveitar o convívio com os filhos, apreciar um pôr de Sol.
Assim, podemos conseguir evitar o estresse e os males que o acompanham, e até como conseqüência, aumentar o rendimento no trabalho. Quem sabe assim alcançaremos a tão sonhada Qualidade de Vida!
Fonte: redepsi
Milongas Corporativas
Por José Pio Martins
Hoje vou "pegar no pé" dos gurus de recursos humanos (RH). Até pouco tempo atrás, os trabalhadores do setor privado eram classificados como empregados e os do setor público como funcionários. De repente, os gurus de RH começaram a dizer que era feio chamar alguém de empregado e deveríamos passar a chamá-los de funcionários. Depois de um tempo, resolveram dizer que funcionário também não fica bem e, portanto, deveríamos chamá-los de colaboradores. Essa é a primeira milonga, conforme justificarei mais adiante.
A segunda milonga, muito em voga nos dias atuais, é essa história de dizer que a empresa é uma "família". Um dia eu ia de avião para São Paulo e um anúncio da empresa dizia: "aqui, somos uma grande família". A moça que viajava do meu lado elogiou a peça publicitária e me perguntou o que eu achava. Respondi que aquilo era, para mim, uma grande hipocrisia e uma mentira. Ela ficou assustada e tive de explicar o meu ponto de vista. A família é uma instituição regida por dois deveres: proteção e solidariedade.
Já a empresa é uma instituição regida por duas necessidades: profissionalismo e eficiência. Quando vem uma crise, a família não demite o filho; ela divide o bife. A empresa, na primeira dificuldade, põe os "filhos" na rua. Nada há de errado nisso. A empresa tem de sobreviver. O erro é ser ingênuo de achar que não é assim.
Por ironia do destino, logo depois, um acidente com um avião daquela companhia matou dezenas de pessoas. Sobreveio uma crise e a empresa teve de demitir milhares de "colaboradores". Liguei para minha amiga e perguntei se agora ela entendia por que eu dissera que aquela conversa de "uma grande família" era uma hipocrisia. Costumo provocar meus amigos de RH dizendo que se os senhores feudais tivessem contratado um guru, se passassem a chamar os escravos de "colaboradores" e dado uma cesta básica mensal a eles, talvez a escravidão tivesse durado mais meio século.
No fundo, esses eufemismos só servem para descaracterizar a verdadeira relação de trabalho. Escravo é escravo, empregado é empregado, funcionário é funcionário.
Funcionário (público, é claro) tem estabilidade no emprego, não tem patrão(embora tenha chefia), recebe aposentadoria integral ao fim de seu tempo e não corre o risco de uma demissão ( a não ser que ele cometa ilícitos). Empregado não tem nada disso, logo não é a mesma relação de trabalho. O próprio Ministério do Trabalho nunca mudou a classificação dos assalariados. O Caged ( Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) não virou Cacacod (Cadastro de Colaboradores Admitidos e Colaboradores Demitidos).
Mas por que não chamar os empregados de "funcionários" ou "colaboradores"? Por três razões: primeiro porque não é pejorativo ser empregado; segundo, para ficar claro que o empregado não é um filho, o patrão não é um pai, a empresa não é uma família; terceiro, para não iludir os empregados e lembrá-los de que eles devem estudar e cuidar da sua carreira, pois eles não são "funcionários", logo, nem a empresa nem o governo vão cuidar deles.
Dois filmes me lembram esse assunto. O primeiro é A vida é bela... Quando as organizações inventam eufemismos para disfarçar a realidade, elas próprias contribuem para criar ilusões e levar os empregados demitidos à revolta e ao desepero, achando que os patrões são cruéis e desumanos. A vida das organizações é cheia de riscos e crises e eles não podem dar aos empregados a segurança e as vantagens de um funcionário público.
O outro filme é Amor sem Escalas... Resumo da história: trate de amar sua profissão, ser competente, cuidar da sua educação permanente, construir suas reservas e, se um dia for demitido, saia de cabeça erguida e vá cuidar da sua vida... sem ilusões e sem acreditar em milongas corporativas.
José Pio Martins, é economista e vice-reitor da Universidade Positivo.
Publicado em 26/02/2010, na Gazeta do Povo.
Hoje vou "pegar no pé" dos gurus de recursos humanos (RH). Até pouco tempo atrás, os trabalhadores do setor privado eram classificados como empregados e os do setor público como funcionários. De repente, os gurus de RH começaram a dizer que era feio chamar alguém de empregado e deveríamos passar a chamá-los de funcionários. Depois de um tempo, resolveram dizer que funcionário também não fica bem e, portanto, deveríamos chamá-los de colaboradores. Essa é a primeira milonga, conforme justificarei mais adiante.
A segunda milonga, muito em voga nos dias atuais, é essa história de dizer que a empresa é uma "família". Um dia eu ia de avião para São Paulo e um anúncio da empresa dizia: "aqui, somos uma grande família". A moça que viajava do meu lado elogiou a peça publicitária e me perguntou o que eu achava. Respondi que aquilo era, para mim, uma grande hipocrisia e uma mentira. Ela ficou assustada e tive de explicar o meu ponto de vista. A família é uma instituição regida por dois deveres: proteção e solidariedade.
Já a empresa é uma instituição regida por duas necessidades: profissionalismo e eficiência. Quando vem uma crise, a família não demite o filho; ela divide o bife. A empresa, na primeira dificuldade, põe os "filhos" na rua. Nada há de errado nisso. A empresa tem de sobreviver. O erro é ser ingênuo de achar que não é assim.
Por ironia do destino, logo depois, um acidente com um avião daquela companhia matou dezenas de pessoas. Sobreveio uma crise e a empresa teve de demitir milhares de "colaboradores". Liguei para minha amiga e perguntei se agora ela entendia por que eu dissera que aquela conversa de "uma grande família" era uma hipocrisia. Costumo provocar meus amigos de RH dizendo que se os senhores feudais tivessem contratado um guru, se passassem a chamar os escravos de "colaboradores" e dado uma cesta básica mensal a eles, talvez a escravidão tivesse durado mais meio século.
No fundo, esses eufemismos só servem para descaracterizar a verdadeira relação de trabalho. Escravo é escravo, empregado é empregado, funcionário é funcionário.
Funcionário (público, é claro) tem estabilidade no emprego, não tem patrão(embora tenha chefia), recebe aposentadoria integral ao fim de seu tempo e não corre o risco de uma demissão ( a não ser que ele cometa ilícitos). Empregado não tem nada disso, logo não é a mesma relação de trabalho. O próprio Ministério do Trabalho nunca mudou a classificação dos assalariados. O Caged ( Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) não virou Cacacod (Cadastro de Colaboradores Admitidos e Colaboradores Demitidos).
Mas por que não chamar os empregados de "funcionários" ou "colaboradores"? Por três razões: primeiro porque não é pejorativo ser empregado; segundo, para ficar claro que o empregado não é um filho, o patrão não é um pai, a empresa não é uma família; terceiro, para não iludir os empregados e lembrá-los de que eles devem estudar e cuidar da sua carreira, pois eles não são "funcionários", logo, nem a empresa nem o governo vão cuidar deles.
Dois filmes me lembram esse assunto. O primeiro é A vida é bela... Quando as organizações inventam eufemismos para disfarçar a realidade, elas próprias contribuem para criar ilusões e levar os empregados demitidos à revolta e ao desepero, achando que os patrões são cruéis e desumanos. A vida das organizações é cheia de riscos e crises e eles não podem dar aos empregados a segurança e as vantagens de um funcionário público.
O outro filme é Amor sem Escalas... Resumo da história: trate de amar sua profissão, ser competente, cuidar da sua educação permanente, construir suas reservas e, se um dia for demitido, saia de cabeça erguida e vá cuidar da sua vida... sem ilusões e sem acreditar em milongas corporativas.
José Pio Martins, é economista e vice-reitor da Universidade Positivo.
Publicado em 26/02/2010, na Gazeta do Povo.
Abuso de álcool causa danos ao cérebro de adolescentes
DA NEW SCIENTIST
Um estudo realizado no Instituto de Pesquisa Scripps em La Jolla, na Califórnia, com macacos adolescentes revelou que beber excesso em idade precoce pode causar danos permanentes ao cérebro.
Os piores danos impedem que as células-tronco se tornem neurônios no hipocampo, área do cérebro responsável pela memória e consciência espacial.
Como os cérebros dos macacos e dos humanos se desenvolvem da mesma maneira, a pesquisa sugere que efeitos similares podem ocorrer em adolescentes humanos.
Assim, o estudo reforça o argumento da política antiálcool dos EUA e outras que visam aumentar a idade mínima para os jovens começarem a beber.
INÍCIO PRECOCE
A equipe da pesquisadora Chitra Mandyam serviu bebidas alcoólicas de sabor cítrico a quatro macacos rhesus por uma hora ao dia durante um período de 11 meses. Dois meses depois, os animais foram sacrificados e seus cérebros foram comparados aos dos macacos que não haviam consumido álcool.
Os macacos que bebiam regularmente tiveram de 50% a 90% menos células-tronco em seu hipocampo, em comparação aos outros. "Vimos uma queda profunda nas células vitais", disse Mandyam.
"É importante saber que o ato de beber com frequência pode matar células-tronco. A perda resulta em danos à memória e a habilidades especiais", acrescenta.
EFEITOS DURADOUROS
Mandyam acredita que a degeneração pode ter efeito a longo prazo e explica a razão pela qual adolescentes boêmios são mais propensos a desenvolver dependência de álcool quando adultos.
Uma nova medida para combater o consumo de álcool entre menores de idade foi lançada no início deste mês pela Academia Americana de Pediatria (AAP). Ela se baseia em resultados de estudos anteriores que mostraram que 41% das crianças que começam a beber regularmente aos 12 anos de idade desenvolvem dependência ao longo da vida, em comparação a 11% das pessoas que começam a beber aos 18.
"Os resultados apoiam os esforços do US Surgeon General para aumentar a idade mínima que permite que os jovens comecem a beber", disse Ellen Witt do Instituto Nacional de Abuso do Álcool e Alcoolismo dos EUA em Bethesda, Maryland. "Também é importante reconhecer que bebedeiras podem gerar consequências negativas no cérebro, independente da idade."
Um estudo realizado no Instituto de Pesquisa Scripps em La Jolla, na Califórnia, com macacos adolescentes revelou que beber excesso em idade precoce pode causar danos permanentes ao cérebro.
Os piores danos impedem que as células-tronco se tornem neurônios no hipocampo, área do cérebro responsável pela memória e consciência espacial.
Como os cérebros dos macacos e dos humanos se desenvolvem da mesma maneira, a pesquisa sugere que efeitos similares podem ocorrer em adolescentes humanos.
Assim, o estudo reforça o argumento da política antiálcool dos EUA e outras que visam aumentar a idade mínima para os jovens começarem a beber.
INÍCIO PRECOCE
A equipe da pesquisadora Chitra Mandyam serviu bebidas alcoólicas de sabor cítrico a quatro macacos rhesus por uma hora ao dia durante um período de 11 meses. Dois meses depois, os animais foram sacrificados e seus cérebros foram comparados aos dos macacos que não haviam consumido álcool.
Os macacos que bebiam regularmente tiveram de 50% a 90% menos células-tronco em seu hipocampo, em comparação aos outros. "Vimos uma queda profunda nas células vitais", disse Mandyam.
"É importante saber que o ato de beber com frequência pode matar células-tronco. A perda resulta em danos à memória e a habilidades especiais", acrescenta.
EFEITOS DURADOUROS
Mandyam acredita que a degeneração pode ter efeito a longo prazo e explica a razão pela qual adolescentes boêmios são mais propensos a desenvolver dependência de álcool quando adultos.
Uma nova medida para combater o consumo de álcool entre menores de idade foi lançada no início deste mês pela Academia Americana de Pediatria (AAP). Ela se baseia em resultados de estudos anteriores que mostraram que 41% das crianças que começam a beber regularmente aos 12 anos de idade desenvolvem dependência ao longo da vida, em comparação a 11% das pessoas que começam a beber aos 18.
"Os resultados apoiam os esforços do US Surgeon General para aumentar a idade mínima que permite que os jovens comecem a beber", disse Ellen Witt do Instituto Nacional de Abuso do Álcool e Alcoolismo dos EUA em Bethesda, Maryland. "Também é importante reconhecer que bebedeiras podem gerar consequências negativas no cérebro, independente da idade."
Maioria dos adolescentes é sedentária; um terço está acima do peso
FERNANDA BASSETTE
GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO
Pelos critérios da Organização Mundial de Saúde, menos da metade dos adolescentes brasileiros podem ser considerados ativos do ponto de vista físico. Quase um terço deles está acima do peso.
As causas apontadas para a inatividade vão do hábito de ficar em frente à TV ou ao computador até a falta de segurança para brincar na rua.
Danilo Verpa/Folhapress
O estudante Rodolfo Souza LIma, 16, que anda de skate todos os dias na avenida Doutor Arnaldo, em SP
O dado é de um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS) que avaliou 4.325 jovens entre 14 e 15 anos.
Só 48% praticam os 300 minutos de atividade física semanal recomendados pela OMS -cerca de uma hora por dia. E os meninos são duas vezes mais ativos do que as meninas.
Os resultados podem ser extrapolados para o país, e equivalem ao cenário mundial: pesquisa da OMS feita em 34 países mostra que só 24% dos meninos e 15% delas preenchem os critérios mínimos recomendados.
EDUCAÇÃO FÍSICA
Para chegar à conclusão, os pesquisadores brasileiros avaliaram a prática de atividade física de lazer (como futebol, natação, skate etc.); a atividade física de deslocamento, que considera se o jovem costuma ir à escola a pé ou de bicicleta; e a soma desses dois hábitos.
Segundo o educador físico Samuel Dumith, autor do estudo, as aulas de educação física não foram consideradas porque elas não são feitas nem em quantidade nem em qualidade necessárias para promover benefícios à saúde.
"Os adolescentes não levam a educação física a sério e fazem os exercícios sem intensidade e regularidade."
Apesar de a pesquisa mostrar que 75% dos adolescentes fazem alguma atividade de lazer e que 73% deles caminham ou vão de bicicleta até a escola, o estudo provou que as duas ações juntas não alcançam o mínimo recomendado de exercício.
"Os jovens priorizam as atividades sedentárias, e isso é muito preocupante. Eles estão acima do peso e ficam, em média, quatro horas por dia em frente à TV, ao videogame ou ao computador, enquanto se dedicam menos de uma hora por dia para os exercícios", afirma Dumith.
Para Marlos Domingues, outro autor do trabalho, a falta de segurança explica parte dessa situação. Além disso, o nível de sedentarismo entre os pais também é alto, o que pode acabar influenciando os hábitos dos "teens".
"Já não se brinca na rua. A pessoa depende de alguém para levá-la às escolinhas de esportes", diz Domingues, que é educador físico.
Para ele, os resultados são "uma surpresa" porque, nessa faixa de idade, é difícil sofrer falta de tempo para justificar a pouca atividade.
"A surpresa fica por conta da tragédia que esperamos daqui a alguns anos. Todos serão sedentários", diz Timóteo Araújo, educador físico que dá assessoria ao programa Agita São Paulo.
Domingues concorda. "Os prejuízos à saúde só serão vistos mais tarde. A chance de continuarem sedentários na idade adulta é altíssima."
GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO
Pelos critérios da Organização Mundial de Saúde, menos da metade dos adolescentes brasileiros podem ser considerados ativos do ponto de vista físico. Quase um terço deles está acima do peso.
As causas apontadas para a inatividade vão do hábito de ficar em frente à TV ou ao computador até a falta de segurança para brincar na rua.
Danilo Verpa/Folhapress
O estudante Rodolfo Souza LIma, 16, que anda de skate todos os dias na avenida Doutor Arnaldo, em SP
O dado é de um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS) que avaliou 4.325 jovens entre 14 e 15 anos.
Só 48% praticam os 300 minutos de atividade física semanal recomendados pela OMS -cerca de uma hora por dia. E os meninos são duas vezes mais ativos do que as meninas.
Os resultados podem ser extrapolados para o país, e equivalem ao cenário mundial: pesquisa da OMS feita em 34 países mostra que só 24% dos meninos e 15% delas preenchem os critérios mínimos recomendados.
EDUCAÇÃO FÍSICA
Para chegar à conclusão, os pesquisadores brasileiros avaliaram a prática de atividade física de lazer (como futebol, natação, skate etc.); a atividade física de deslocamento, que considera se o jovem costuma ir à escola a pé ou de bicicleta; e a soma desses dois hábitos.
Segundo o educador físico Samuel Dumith, autor do estudo, as aulas de educação física não foram consideradas porque elas não são feitas nem em quantidade nem em qualidade necessárias para promover benefícios à saúde.
"Os adolescentes não levam a educação física a sério e fazem os exercícios sem intensidade e regularidade."
Apesar de a pesquisa mostrar que 75% dos adolescentes fazem alguma atividade de lazer e que 73% deles caminham ou vão de bicicleta até a escola, o estudo provou que as duas ações juntas não alcançam o mínimo recomendado de exercício.
"Os jovens priorizam as atividades sedentárias, e isso é muito preocupante. Eles estão acima do peso e ficam, em média, quatro horas por dia em frente à TV, ao videogame ou ao computador, enquanto se dedicam menos de uma hora por dia para os exercícios", afirma Dumith.
Para Marlos Domingues, outro autor do trabalho, a falta de segurança explica parte dessa situação. Além disso, o nível de sedentarismo entre os pais também é alto, o que pode acabar influenciando os hábitos dos "teens".
"Já não se brinca na rua. A pessoa depende de alguém para levá-la às escolinhas de esportes", diz Domingues, que é educador físico.
Para ele, os resultados são "uma surpresa" porque, nessa faixa de idade, é difícil sofrer falta de tempo para justificar a pouca atividade.
"A surpresa fica por conta da tragédia que esperamos daqui a alguns anos. Todos serão sedentários", diz Timóteo Araújo, educador físico que dá assessoria ao programa Agita São Paulo.
Domingues concorda. "Os prejuízos à saúde só serão vistos mais tarde. A chance de continuarem sedentários na idade adulta é altíssima."
Videogame pode causar problemas de atenção em crianças, diz estudo
DA REUTERS
Longo período em frente à televisão, seja surfando pelos canais ou jogando videogame, pode dificultar a concentração de crianças na escola, afirmaram psicólogos do Laboratório de Pesquisa de Mídia, da Universidade de Iowa, nesta segunda-feira, em estudo publicado na revista Pediatrics.
Enquanto os pesquisadores continuam divididos sobre a questão, os resultados estão de acordo com os últimos trabalhos que analisaram os efeitos da televisão sobre crianças, disseram eles.
"O que nós não sabemos neste momento é por qual motivo a TV e o videogame causam problemas de atenção", disse Douglas Gentile, que trabalhou no estudo.
Gentile acrescentou que o tempo de exposição em frente à tela também pode ser associado ao aumento da agressividade e, talvez menos surpreendente, ao aumento de peso.
O pesquisador disse que o novo estudo foi o primeiro a acompanhar como o videogame pode afetar as habilidades de concentração infantil ao longo do tempo.
Os pesquisadores acompanharam um grupo de mais de 1.300 crianças em idade escolar, que, assistido por seus pais, registraram o tempo em frente à TV e jogando videogame ao longo de um ano. Eles, então, pediram que os professores respondessem a perguntas sobre como as crianças se comportavam na escola -se eles tinham dificuldade de se concentrar em tarefas, por exemplo, ou se distraiam-se com frequência.
Mesmo após a contabilização de problemas de atenção quando as crianças entraram no estudo, aqueles que assistiram à televisão ou jogaram videogame em excesso tiveram um pouco mais de problemas de concentração na escola.
Especificamente, as crianças que passaram mais de duas horas por dia na frente da tela -o limite recomendado pela Academia Americana de Pediatria- aumentaram suas chances de ultrapassar o nível médio de problemas de atenção em 67%.
Os casos extremos de dificuldade de atenção, por vezes, levam a um diagnóstico de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Entre 3% e 7% das crianças em idade escolar sofrem do problema. No entanto, os pesquisadores não diagnosticaram nenhuma criança com essa condição.
Eles também testaram alunos não graduados, desta vez por meio de questionários psicológicos destinados a revelar o transtorno.
Nestes alunos, exceder o limite de duas horas diárias em frente à TV dobrou o risco de sofrer de problemas de atenção, mas nenhum foi diagnosticados com TDAH.
Gentile disse que o impacto da TV e dos videogames depende muito de outros fatores, e que não deve ser considerado dramático.
"Não é toda criança que vai ser influenciada", disse ele. "Não causa este efeito ao nosso comportamento. É uma combinação de estímulos que recebemos, a mídia é apenas uma variável.
Miriam Mulsow, um especialista em TDAH da Universidade de Tecnologia do Texas que não foi envolvida no estudo, disse que não acha que a TV ou os jogos de videogame possam causar problemas de atenção ou o transtorno.
"Há pais que trabalham em diversos empregos e não podem cuidar da criança", disse Mulsow. "O que me preocupa é que os pais pensam que eles causam o transtorno em seus filhos. Eu não acho que esse é o caso ou que os pais devam se sentir mal."
No entanto, acrescentou, "se uma criança tem tendência a desenvolver problemas de atenção, horas seguidas em frente à TV e a falta de exercícios podem agravar o quadro."
Ela disse que concorda que uma criança não deve assistir mais de duas horas de TV por dia. "Eu mesma não permito que meus filhos assistam por mais do que esse período", disse ela.
Longo período em frente à televisão, seja surfando pelos canais ou jogando videogame, pode dificultar a concentração de crianças na escola, afirmaram psicólogos do Laboratório de Pesquisa de Mídia, da Universidade de Iowa, nesta segunda-feira, em estudo publicado na revista Pediatrics.
Enquanto os pesquisadores continuam divididos sobre a questão, os resultados estão de acordo com os últimos trabalhos que analisaram os efeitos da televisão sobre crianças, disseram eles.
"O que nós não sabemos neste momento é por qual motivo a TV e o videogame causam problemas de atenção", disse Douglas Gentile, que trabalhou no estudo.
Gentile acrescentou que o tempo de exposição em frente à tela também pode ser associado ao aumento da agressividade e, talvez menos surpreendente, ao aumento de peso.
O pesquisador disse que o novo estudo foi o primeiro a acompanhar como o videogame pode afetar as habilidades de concentração infantil ao longo do tempo.
Os pesquisadores acompanharam um grupo de mais de 1.300 crianças em idade escolar, que, assistido por seus pais, registraram o tempo em frente à TV e jogando videogame ao longo de um ano. Eles, então, pediram que os professores respondessem a perguntas sobre como as crianças se comportavam na escola -se eles tinham dificuldade de se concentrar em tarefas, por exemplo, ou se distraiam-se com frequência.
Mesmo após a contabilização de problemas de atenção quando as crianças entraram no estudo, aqueles que assistiram à televisão ou jogaram videogame em excesso tiveram um pouco mais de problemas de concentração na escola.
Especificamente, as crianças que passaram mais de duas horas por dia na frente da tela -o limite recomendado pela Academia Americana de Pediatria- aumentaram suas chances de ultrapassar o nível médio de problemas de atenção em 67%.
Os casos extremos de dificuldade de atenção, por vezes, levam a um diagnóstico de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Entre 3% e 7% das crianças em idade escolar sofrem do problema. No entanto, os pesquisadores não diagnosticaram nenhuma criança com essa condição.
Eles também testaram alunos não graduados, desta vez por meio de questionários psicológicos destinados a revelar o transtorno.
Nestes alunos, exceder o limite de duas horas diárias em frente à TV dobrou o risco de sofrer de problemas de atenção, mas nenhum foi diagnosticados com TDAH.
Gentile disse que o impacto da TV e dos videogames depende muito de outros fatores, e que não deve ser considerado dramático.
"Não é toda criança que vai ser influenciada", disse ele. "Não causa este efeito ao nosso comportamento. É uma combinação de estímulos que recebemos, a mídia é apenas uma variável.
Miriam Mulsow, um especialista em TDAH da Universidade de Tecnologia do Texas que não foi envolvida no estudo, disse que não acha que a TV ou os jogos de videogame possam causar problemas de atenção ou o transtorno.
"Há pais que trabalham em diversos empregos e não podem cuidar da criança", disse Mulsow. "O que me preocupa é que os pais pensam que eles causam o transtorno em seus filhos. Eu não acho que esse é o caso ou que os pais devam se sentir mal."
No entanto, acrescentou, "se uma criança tem tendência a desenvolver problemas de atenção, horas seguidas em frente à TV e a falta de exercícios podem agravar o quadro."
Ela disse que concorda que uma criança não deve assistir mais de duas horas de TV por dia. "Eu mesma não permito que meus filhos assistam por mais do que esse período", disse ela.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Sonhar acordado estimula a criatividade, sugerem pesquisadores
Por John Tierney
New York Times News Service
A mente das pessoas parece divagar cerca de 30% do tempo, segundo estimativas de psicólogos
Finalmente, o grande sonhador está obtendo algum respeito. No passado, sonhar acordado era muitas vezes considerado uma falha da disciplina mental, ou pior. Freud rotulou a característica como infantil e neurótica. Livros de psicologia advertiam que ela poderia levar a psicoses. Neurocientistas reclamavam que as explosões de atividade em exames do cérebro interferiam com seus estudos de funções mentais mais importantes.
Porém, agora que pesquisadores analisaram esses pensamentos desgarrados, eles descobriram que sonhar acordado pode ser consideravelmente comum – e, muitas vezes, bastante útil. Uma mente divagante pode proteger você contra riscos imediatos, e mantê-lo na direção ao buscar objetivos de longo prazo. Sonhar acordado pode ser contraproducente, mas algumas vezes isso estimula a criatividade e ajuda na solução de problemas.
Imagine, por exemplo, estas três palavras: ocular, terra, aquecimento. Você consegue pensar em outra palavra que se relacione com as três? Caso não consiga, não se preocupe por enquanto. No momento em que voltarmos a discutir a significância científica deste quebra-cabeça, a resposta pode ocorrer a você através do “efeito incubação”, à medida que sua mente divaga para longe do texto deste artigo – e, sim, sua mente provavelmente divagará, não importa o quão brilhante seja o restante desta coluna.
Divagar da mente
O divagar da mente, segundo definição dos psicólogos, é uma subcategoria do sonhar acordado, que é o termo mais amplo para todos os pensamentos e fantasias – incluindo aqueles momentos em que você deliberadamente se coloca de lado, para imaginar você mesmo ganhando na loteria ou aceitando o prêmio Nobel. Porém, quando você tenta realizar algo e desliza para “pensamentos desvinculados à tarefa”, isso é a mente divagante.
Durante as horas de despertar, a mente das pessoas parece divagar cerca de 30% do tempo, segundo estimativas de psicólogos que interromperam pessoas ao longo do dia para perguntar o quais eram seus pensamentos. Se você está dirigindo por uma estrada reta e vazia, sua mente pode divagar por três quartos do tempo, de acordo com dois dos principais pesquisadores, Jonathan Schooler e Jonathan Smallwood, da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara.
“As pessoas deduzem que a mente divagante é algo ruim, mas se não pudéssemos fazer isso durante uma tarefa tediosa, a vida seria terrível”, explica Smallwood. “Imagine se você não pudesse escapar mentalmente de um congestionamento”.
Você ficaria preso observando a massa de carros parados, um exercício mental que é muito menos agradável do que sonhar com uma praia – e muito menos útil do que imaginar o que fazer assim que sair da estrada. Existe uma vantagem evolutiva com o sistema cerebral da mente divagante, afirma Eric Klinger, psicólogo da Universidade de Minnesota e um dos pioneiros nesse campo.
“Enquanto uma pessoa está ocupada com uma tarefa, esse sistema mantém a pauta maior do indivíduo mais fresca em sua mente”, escreve Klinger em “Handbook of Imagination and Mental Simulation”. “Assim, ele serve como um tipo de mecanismo de lembrete, aumentando a probabilidade de que as outras buscas de objetivos permanecerão intactas – e não se perderão na confusão de se buscar muitos objetivos”.
Obviamente, muitas vezes é difícil dizer qual pauta é mais evolutivamente adaptável em dado momento. Se, enquanto o professor dá aula, os alunos começarem a observar colegas do sexo oposto sentados por perto, seus cérebros estarão perdendo conhecimento vital ou trabalhando na pauta mais importante de encontrar um parceiro? Depende da aula.
Desvantagens
Mas mente divagante parece claramente uma estratégia duvidosa, se, por exemplo, você está colado demais no carro da frente – e ele freia. Ou, para citar atividades que foram estudadas em laboratório, quando você está sentado sozinho, lendo “Guerra e Paz” ou “Razão e Sensibilidade”.
Se a sua mente está em algum outro lugar enquanto seus olhos percorrem as palavras de Tolstoi ou Austen, você está perdendo seu próprio tempo. Seria melhor fechar o livro e fazer algo mais satisfatório ou produtivo do que “leitura desatenciosa”, como os pesquisadores chamam isso.
Porém, quando pessoas se sentam num laboratório com nada em pauta, exceto ler um romance e relatar quando sua mente divaga, num período de meia hora eles geralmente relatam de um a três episódios. E esses são apenas os lapsos que eles próprios percebem, graças a seus cérebros divagantes estarem num estado de “meta-consciência”, como o fenômeno é chamado por Schooler.
Ele e outros pesquisadores também estudaram as muitas outras ocasiões em que os leitores não percebem suas próprias mentes divagantes, uma condição conhecida na literatura psicológica como “hiperfoco” (para variar, jargão técnico). Quando os pesquisadores interrompiam esporadicamente a leitura dos participantes para perguntar se suas mentes estavam no texto naquele momento, cerca de 10% das vezes eles respondiam que seus pensamentos estavam em outro lugar – mas eles não estavam cientes da divagação até serem questionados a respeito.
“É assombroso pensar que escorregamos para dentro e para fora com tanta frequência que nem mesmo percebemos que tínhamos saído”, diz Schooler. “Temos essa intuição de que somos obrigados a saber o que se passa em nossas mentes: penso, logo existo. Esse é o último bastião do que sabemos, e nós nem mesmo sabemos isso tão bem”.
Hiperfoco
A frequência do hiperfoco mais do que dobrou em experimentos de leitura envolvendo fumantes que desejavam um cigarro, e com pessoas que receberam um coquetel de vodca antes de começar a ler “Guerra e Paz”.
Além de aumentar a quantidade de divagações, a pessoa deixou o álcool com menos chances de perceber quando sua mente divagava do texto de Tolstoi. Em outro experimento de leitura, os pesquisadores distorceram uma série de frases consecutivas, trocando a posição de dois substantivos em cada uma – da forma como “álcool” e “pessoa” foram trocadas na frase anterior deste parágrafo. No experimento em laboratório, mesmo com os leitores sendo avisados para procurar partes sem sentido em algum lugar da história, apenas a metade deles visualizou as trocas à primeira vista. O restante leu a primeira frase distorcida e continuou adiante, passando por diversas outras antes de notar qualquer coisa fora de ordem.
Para mensurar mais diretamente a divagação mental, Schooler e dois psicólogos da Universidade de Pittsburgh, Erik D. Reichle e Andrew Reinebergm, usaram uma máquina que rastreava o movimento dos olhos dos participantes enquanto liam “Razão e Sensibilidade” numa tela de computador. É bom que Jane Austen não esteja por aqui para ver os resultados do experimento, que deverão aparecer numa das próximas edições da “Psychological Science”.
Ao comparar os movimentos dos olhos com a prosa na tela, os pesquisadores podiam dizer se alguém estava desacelerando para entender frases complexas ou simplesmente varrendo as letras sem compreender. Eles descobriram que, quando a mente da pessoa divaga, o episódio pode durar até dois minutos.
Exatamente para onde a mente vai nesses momentos? Ao observar pessoas em descanso durante exames cerebrais, neurocientistas identificaram uma “rede padrão”, ativada quando as mentes das pessoas estão especialmente livres para divagar. Quando as pessoas assumem uma tarefa, a rede executiva do cérebro se ilumina para emitir comandos, e a rede padrão muitas vezes fica suprimida.
Mas, em alguns episódios de divagação mental, ambas as redes disparam simultaneamente, de acordo com um novo estudo conduzido por Kalina Christoff, da Universidade da Columbia Britânica. Por que as duas redes ficam ativas ainda é motivo de discussão. Uma escola teoriza que a rede executiva está trabalhando para controlar os pensamentos desgarrados e colocar a mente de volta na tarefa.
Outra escola de psicólogos, que inclui os pesquisadores de Santa Barbara, teoriza que as duas redes trabalham sobre pautas além da tarefa imediata. Essa teoria poderia ajudar a explicar por que, segundo alguns estudos, pessoas inclinadas a divagar também conseguem maiores pontuações em testes de criatividade, como o quebra-cabeça de associação de palavras mencionado anteriormente. Talvez, ao colocar as duas redes do cérebro para trabalhar simultaneamente, essas pessoas tenham maior probabilidade de perceber que a palavra que se relaciona com ocular, terra e aquecimento é globo: como em “globo ocular”, “globo”, e “aquecimento global”.
Para encorajar esse processo criativo, Schooler diz, pode ajudar se você sair para correr, caminhar, fizer tricô ou apenas se sentar rabiscando papel – isso porque tarefas relativamente simples parecem libertar sua mente para divagar de maneira produtiva. Mas você também quer ser capaz de se surpreender no momento “eureca”.
“Para a criatividade, você precisa que sua mente divague”, afirma Schooler, “mas você também precisa ser capaz de perceber que está divagando, e capturar a ideia quando ela aparece. Se Arquimedes encontrasse uma solução na banheira, mas não percebesse que havia tido a ideia, que bem isso lhe teria proporcionado?”
Tradutor:
Gabriela D'Ávila
Pesquisador busca esclarecer o misterioso efeito placebo
A expressão "ligação mente-corpo" possui muitas conotações. Para alguns, é uma indicação de charlatanismo da Nova Era. Para outros, é uma fonte de esperança e uma maneira de reconciliar sua vida espiritual com a ciência moderna. Para o Dr. Tor D. Wager, é apenas mais um dia no escritório.
Wager é professor de psicologia na Universidade do Colorado. Sua especialidade é a neurociência e a neuroimagem, mas sua paixão é o efeito placebo - fenômeno que apresentou uma ressurreição nos últimos anos e está sendo estudado por pesquisadores de muitos lados da ciência.
Grande parte dessa atenção é um resultado do tipo de imagens do cérebro que Wager faz, e ele é uma figura principal na nova geração de pesquisadores sobre o placebo.
E isso pode fazer seu histórico parecer improvável. Wager, de 35 anos, foi criado na ciência ristã, religião bastante conhecida por sua aversão ao tratamento médico. Porém, sua família não era rígida em relação a isso; ele se recorda de um incidente de sua infância, no Colorado, que poderia servir como um arauto de sua carreira.
Ainda bebê, ele teve uma irritação, e depois de muita reza sua mãe o levou a um médico, temendo a febre escarlate. "O médico disse: 'Aqui está um creme, espalhe no local', e a irritação foi embora", contou Wager.
Junto com ela foi a agonia de sua mãe. Seu pulso provavelmente desacelerou, ele diz hoje, e sua respiração relaxou - exatamente o efeito que um placebo pode ter num paciente aterrorizado.
De modo progressivo, o efeito placebo tem sido visto como real e tangível, além de misterioso. Em diversas pesquisas, de 45% a 85% dos médicos americanos e europeus afirmam ter usado placebos na prática clínica, e 96% dos médicos acadêmicos nos Estados Unidos dizem achar que o placebo possui efeitos terapêuticos.
Mesmo assim, muitos desconfiam dele.
"Quando comecei a faculdade, senti que estudar o placebo era um tipo de tabu", disse Wager. Na época, a pesquisa era no máximo pontual, "e havia partes inteiras da sociedade que estavam prontas para abordar o assunto e dizer: 'Vejam como a mente é poderosa!'"
Mas a pesquisa sobre o placebo ganhou respeitabilidade nos últimos anos, em grande parte pelo trabalho do Dr. Fabrizio Benedetti, neurocientista italiano considerado por muitos o patriarca do campo. Benedetti argumenta que não existe apenas um efeito placebo, mas muitos.
Um efeito comum envolve a suposição de que uma pílula em particular é responsável por suavizar a dor ou o desconforto que está, na verdade, diminuindo naturalmente. Outro é o clássico condicionamento pavloviano, onde o paciente está tão acostumado a se sentir melhor após uma injeção que ela funciona independente de seu conteúdo. Outro é o alívio que o paciente experimenta quando o médico oferece uma solução concreta - como ocorreu com a mãe de Wager.
Como aluno de graduação na Universidade de Michigan, Wager usava imagens para observar emoções no cérebro. Era um trabalho fascinante, diz ele, mas as emoções são difíceis de definir com precisão, e ele queria fazer algo que pudesse ajudar os pacientes.
Assim, ele decidiu examinar placebos num ambiente clínico. Em 2001, se uniu ao Dr. Robert M. Rose, cientista da Universidade do Texas que havia realizado estudos pioneiros sobre o stress em veteranos da guerra do Vietnã, e um grupo de respeitados pesquisadores criou a Rede de Interações Mente-Corpo.
Em alguns anos, o nome de Wager estava no topo de um estudo revolucionário na revista "Science", que usava imagens funcionais de ressonância magnética (RM) - um exame especializado que mede alterações no fluxo sanguíneo - para ligar ativações específicas do cérebro a pessoas experimentando o efeito placebo (neste caso, espalhando um creme sem efeito numa queimadura). Desde então, ele escreveu aproximadamente uma dúzia de artigos sobre os efeitos do placebo, incluindo um estudo de 2007 ligando os efeitos relacionados à dor com partes do cérebro que processam ópio ou heroína (o que pode ajudar a explicar por que muitos placebos são temporários).
"Tor é daquelas pessoas que precisam convencer a si mesmas", explicou Rose. "Ele não compra uma ideia porque alguém a comprou. Ele é cético. Mas, uma vez que a compra, aí ele se torna um teimoso".
Quando Wager não está escrevendo sobre placebos, ele defende as ferramentas que usa para estudá-los. Muitos críticos são céticos a respeito da RM funcional, e Wager diz que inicialmente também era.
Para lidar com esse ceticismo, segundo ele, uma pessoa pode "a) dizer 'Isso tudo é um pouco falso, vamos tentar outra coisa', ou b) tentar trabalhar e desenvolver coisas que tornem o assunto mais plausível".
Na recente conferência da Organização para o Mapeamento do Cérebro Humano, Wager fez uma apresentação sobre placebos a uma plateia lotada de cientistas. Mas seu laboratório, na Universidade do Colorado, também divulgou misteriosas estatísticas sobre a leitura de imagens cerebrais. Tal atenção a detalhes, disse ele, é a única maneira de convencer os céticos.
Até recentemente, o governo e a indústria farmacêutica estavam hesitantes em financiar estudos sobre os efeitos do placebo.
"Empresas que estão desenvolvendo novos tratamentos gostam de pensar que seus remédios funcionam melhor do que o simples pensamento positivo", afirmou a Dra. Helen S. Mayberg, neurologista da Universidade Emory conhecida por seu trabalho com RM funcional em pacientes com depressão (ela rapidamente acrescentou que os efeitos do placebo são muito diferentes do pensamento positivo).
Algumas vezes, experimentos de novos remédios começam com todos os participantes tomando placebos; os que melhoram são excluídos. Mesmo fortalecendo os resultados, isso não ajuda os pesquisadores a compreender por que as pessoas do primeiro grupo melhoraram.
A pergunta persistente - por que algumas pessoas respondem mais a placebos do que outras - frustra cientistas há muito tempo. "Existem décadas de pesquisas que basicamente fracassaram", disse Wager. "Novos métodos nos deixarão obter muito mais informações a partir disso".
Solucionar o mistério poderia potencialmente abrir novas áreas para terapia. O Dr. Wager compareceu, recentemente, a um encontro patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH, da sigla em inglês) buscando unir diversas instituições num esforço para entender os placebos. Várias empresas farmacêuticas estavam presentes; algumas já haviam iniciado seus próprios estudos sobre o mistério.
Wager (que recebe financiamento do NIH, da Fundação Nacional de Ciência e da Fundação Michael J. Fox), diz que as empresas de remédios não queriam atrair atenção demais para os placebos, mas reconheciam um potencial para tratamentos melhores.
Para ele, entretanto, a questão é mais profunda, ligada à religião de sua infância e à forma como vê o mundo.
"O que é o efeito placebo?", perguntou ele. "Não é algo mágico e estranho que simplesmente acontece do nada".
"Eu acho que ele está ligado aos sistemas que geram reações emocionais", continuou. "É uma janela para caminhos onde os fatores psicológicos podem afetar fatores do cérebro e do corpo que sejam relacionados à saúde".
Wager é professor de psicologia na Universidade do Colorado. Sua especialidade é a neurociência e a neuroimagem, mas sua paixão é o efeito placebo - fenômeno que apresentou uma ressurreição nos últimos anos e está sendo estudado por pesquisadores de muitos lados da ciência.
Grande parte dessa atenção é um resultado do tipo de imagens do cérebro que Wager faz, e ele é uma figura principal na nova geração de pesquisadores sobre o placebo.
E isso pode fazer seu histórico parecer improvável. Wager, de 35 anos, foi criado na ciência ristã, religião bastante conhecida por sua aversão ao tratamento médico. Porém, sua família não era rígida em relação a isso; ele se recorda de um incidente de sua infância, no Colorado, que poderia servir como um arauto de sua carreira.
Ainda bebê, ele teve uma irritação, e depois de muita reza sua mãe o levou a um médico, temendo a febre escarlate. "O médico disse: 'Aqui está um creme, espalhe no local', e a irritação foi embora", contou Wager.
Junto com ela foi a agonia de sua mãe. Seu pulso provavelmente desacelerou, ele diz hoje, e sua respiração relaxou - exatamente o efeito que um placebo pode ter num paciente aterrorizado.
De modo progressivo, o efeito placebo tem sido visto como real e tangível, além de misterioso. Em diversas pesquisas, de 45% a 85% dos médicos americanos e europeus afirmam ter usado placebos na prática clínica, e 96% dos médicos acadêmicos nos Estados Unidos dizem achar que o placebo possui efeitos terapêuticos.
Mesmo assim, muitos desconfiam dele.
"Quando comecei a faculdade, senti que estudar o placebo era um tipo de tabu", disse Wager. Na época, a pesquisa era no máximo pontual, "e havia partes inteiras da sociedade que estavam prontas para abordar o assunto e dizer: 'Vejam como a mente é poderosa!'"
Mas a pesquisa sobre o placebo ganhou respeitabilidade nos últimos anos, em grande parte pelo trabalho do Dr. Fabrizio Benedetti, neurocientista italiano considerado por muitos o patriarca do campo. Benedetti argumenta que não existe apenas um efeito placebo, mas muitos.
Um efeito comum envolve a suposição de que uma pílula em particular é responsável por suavizar a dor ou o desconforto que está, na verdade, diminuindo naturalmente. Outro é o clássico condicionamento pavloviano, onde o paciente está tão acostumado a se sentir melhor após uma injeção que ela funciona independente de seu conteúdo. Outro é o alívio que o paciente experimenta quando o médico oferece uma solução concreta - como ocorreu com a mãe de Wager.
Como aluno de graduação na Universidade de Michigan, Wager usava imagens para observar emoções no cérebro. Era um trabalho fascinante, diz ele, mas as emoções são difíceis de definir com precisão, e ele queria fazer algo que pudesse ajudar os pacientes.
Assim, ele decidiu examinar placebos num ambiente clínico. Em 2001, se uniu ao Dr. Robert M. Rose, cientista da Universidade do Texas que havia realizado estudos pioneiros sobre o stress em veteranos da guerra do Vietnã, e um grupo de respeitados pesquisadores criou a Rede de Interações Mente-Corpo.
Em alguns anos, o nome de Wager estava no topo de um estudo revolucionário na revista "Science", que usava imagens funcionais de ressonância magnética (RM) - um exame especializado que mede alterações no fluxo sanguíneo - para ligar ativações específicas do cérebro a pessoas experimentando o efeito placebo (neste caso, espalhando um creme sem efeito numa queimadura). Desde então, ele escreveu aproximadamente uma dúzia de artigos sobre os efeitos do placebo, incluindo um estudo de 2007 ligando os efeitos relacionados à dor com partes do cérebro que processam ópio ou heroína (o que pode ajudar a explicar por que muitos placebos são temporários).
"Tor é daquelas pessoas que precisam convencer a si mesmas", explicou Rose. "Ele não compra uma ideia porque alguém a comprou. Ele é cético. Mas, uma vez que a compra, aí ele se torna um teimoso".
Quando Wager não está escrevendo sobre placebos, ele defende as ferramentas que usa para estudá-los. Muitos críticos são céticos a respeito da RM funcional, e Wager diz que inicialmente também era.
Para lidar com esse ceticismo, segundo ele, uma pessoa pode "a) dizer 'Isso tudo é um pouco falso, vamos tentar outra coisa', ou b) tentar trabalhar e desenvolver coisas que tornem o assunto mais plausível".
Na recente conferência da Organização para o Mapeamento do Cérebro Humano, Wager fez uma apresentação sobre placebos a uma plateia lotada de cientistas. Mas seu laboratório, na Universidade do Colorado, também divulgou misteriosas estatísticas sobre a leitura de imagens cerebrais. Tal atenção a detalhes, disse ele, é a única maneira de convencer os céticos.
Até recentemente, o governo e a indústria farmacêutica estavam hesitantes em financiar estudos sobre os efeitos do placebo.
"Empresas que estão desenvolvendo novos tratamentos gostam de pensar que seus remédios funcionam melhor do que o simples pensamento positivo", afirmou a Dra. Helen S. Mayberg, neurologista da Universidade Emory conhecida por seu trabalho com RM funcional em pacientes com depressão (ela rapidamente acrescentou que os efeitos do placebo são muito diferentes do pensamento positivo).
Algumas vezes, experimentos de novos remédios começam com todos os participantes tomando placebos; os que melhoram são excluídos. Mesmo fortalecendo os resultados, isso não ajuda os pesquisadores a compreender por que as pessoas do primeiro grupo melhoraram.
A pergunta persistente - por que algumas pessoas respondem mais a placebos do que outras - frustra cientistas há muito tempo. "Existem décadas de pesquisas que basicamente fracassaram", disse Wager. "Novos métodos nos deixarão obter muito mais informações a partir disso".
Solucionar o mistério poderia potencialmente abrir novas áreas para terapia. O Dr. Wager compareceu, recentemente, a um encontro patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH, da sigla em inglês) buscando unir diversas instituições num esforço para entender os placebos. Várias empresas farmacêuticas estavam presentes; algumas já haviam iniciado seus próprios estudos sobre o mistério.
Wager (que recebe financiamento do NIH, da Fundação Nacional de Ciência e da Fundação Michael J. Fox), diz que as empresas de remédios não queriam atrair atenção demais para os placebos, mas reconheciam um potencial para tratamentos melhores.
Para ele, entretanto, a questão é mais profunda, ligada à religião de sua infância e à forma como vê o mundo.
"O que é o efeito placebo?", perguntou ele. "Não é algo mágico e estranho que simplesmente acontece do nada".
"Eu acho que ele está ligado aos sistemas que geram reações emocionais", continuou. "É uma janela para caminhos onde os fatores psicológicos podem afetar fatores do cérebro e do corpo que sejam relacionados à saúde".
Cientistas vinculam proteína sanguínea ao Mal de Alzheimer
Por Kate Kelland
Em Londres
Níveis elevados de uma proteína sanguínea chamada clusterina estão ligados ao surgimento do mal de Alzheimer, disseram cientistas nesta segunda-feira, numa descoberta que pode no futuro permitir um diagnóstico precoce da doença.
Os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria do King's College, de Londres, disseram que os médicos ainda vão levar cerca de cinco anos para conseguir aplicar a descoberta em um exame que identifique futuras vítimas do Alzheimer.
O mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência, afetando cerca de 35 milhões de idosos no mundo. A doença é pesquisada há décadas, mas os médicos ainda têm poucas armas efetivas contra ela.
Existem drogas que atenuam temporariamente os sintomas, mas inexoravelmente os pacientes acabam perdendo a lembrança e a capacidade de cuidarem de si próprios e interagirem com o mundo.
A pesquisa usou uma técnica chamada proteômica, que analisa as proteínas, em 95 pacientes. O resultado foi publicado na revista Archives of General Psychiatry.
"Descobrimos que esta proteína clusterina estava aumentada no sangue até dez anos antes de as pessoas terem sinais do mal de Alzheimer em seus cérebros", disse Simon Lovestone, que dirigiu o estudo.
"E mesmo quando eles tinham sinais da doença nos seus cérebros, eles ainda não tinham sinais clínicos do transtorno. Então isso sugere que esta seja realmente uma mudança prematura, que ocorre em pessoas que vão ter a doença."
Lovestone salientou que ainda há muito trabalho a ser feito antes que surja um exame, mas que no futuro isso será parte de uma série de procedimentos para identificar pessoas em estágio inicial da doença.
Especialistas preveem que, por causa do envelhecimento da população mundial, a incidência mundial do mal de Alzheimer irá quase duplicar a cada 20 anos, chegando a 66 milhões de pacientes em 2030 e a 115 milhões em 2050.
"Achamos que este seja o primeiro passo para incluir um exame pródromo ou pré-clínico para a doença", disse Lovestone. Um exame pródromo é aquele que indica uma doença antes do surgimento de sintomas específicos.
Após o estudo inicial com 95 pacientes, os pesquisadores avaliaram os níveis de clusterina em cerca de 700 pessoas, sendo 464 delas com Alzheimer, e descobriram uma ligação entre os níveis elevados dessa proteína e a gravidade da doença, a rapidez do seu avanço e a atrofia em uma área cerebral chamada córtex entorrinal, associada à memória.
Lovestone disse que o exame usado na pesquisa não é adequado para o uso clínico, e que o desenvolvimento de uma nova versão deve levar cerca de um ano.
"Quando tivermos preparado um exame melhor, precisamos olhar para ele em grupos maiores de pessoas, para ver se os resultados são replicados", disse ele.
"Todo o processo levará entre três e cinco anos."
Em Londres
Níveis elevados de uma proteína sanguínea chamada clusterina estão ligados ao surgimento do mal de Alzheimer, disseram cientistas nesta segunda-feira, numa descoberta que pode no futuro permitir um diagnóstico precoce da doença.
Os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria do King's College, de Londres, disseram que os médicos ainda vão levar cerca de cinco anos para conseguir aplicar a descoberta em um exame que identifique futuras vítimas do Alzheimer.
O mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência, afetando cerca de 35 milhões de idosos no mundo. A doença é pesquisada há décadas, mas os médicos ainda têm poucas armas efetivas contra ela.
Existem drogas que atenuam temporariamente os sintomas, mas inexoravelmente os pacientes acabam perdendo a lembrança e a capacidade de cuidarem de si próprios e interagirem com o mundo.
A pesquisa usou uma técnica chamada proteômica, que analisa as proteínas, em 95 pacientes. O resultado foi publicado na revista Archives of General Psychiatry.
"Descobrimos que esta proteína clusterina estava aumentada no sangue até dez anos antes de as pessoas terem sinais do mal de Alzheimer em seus cérebros", disse Simon Lovestone, que dirigiu o estudo.
"E mesmo quando eles tinham sinais da doença nos seus cérebros, eles ainda não tinham sinais clínicos do transtorno. Então isso sugere que esta seja realmente uma mudança prematura, que ocorre em pessoas que vão ter a doença."
Lovestone salientou que ainda há muito trabalho a ser feito antes que surja um exame, mas que no futuro isso será parte de uma série de procedimentos para identificar pessoas em estágio inicial da doença.
Especialistas preveem que, por causa do envelhecimento da população mundial, a incidência mundial do mal de Alzheimer irá quase duplicar a cada 20 anos, chegando a 66 milhões de pacientes em 2030 e a 115 milhões em 2050.
"Achamos que este seja o primeiro passo para incluir um exame pródromo ou pré-clínico para a doença", disse Lovestone. Um exame pródromo é aquele que indica uma doença antes do surgimento de sintomas específicos.
Após o estudo inicial com 95 pacientes, os pesquisadores avaliaram os níveis de clusterina em cerca de 700 pessoas, sendo 464 delas com Alzheimer, e descobriram uma ligação entre os níveis elevados dessa proteína e a gravidade da doença, a rapidez do seu avanço e a atrofia em uma área cerebral chamada córtex entorrinal, associada à memória.
Lovestone disse que o exame usado na pesquisa não é adequado para o uso clínico, e que o desenvolvimento de uma nova versão deve levar cerca de um ano.
"Quando tivermos preparado um exame melhor, precisamos olhar para ele em grupos maiores de pessoas, para ver se os resultados são replicados", disse ele.
"Todo o processo levará entre três e cinco anos."
Associação paulista organiza encontros sobre hiperatividade
Associação Paulista de Medicina abriu inscrições para o grupo de apoio aos familiares de portadores do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade. Estão previstos sete encontros a partir do dia 20 de agosto, em São Paulo.
Durante as reuniões, especialistas vão discutir casos reais e informar os participantes sobre sintomas e tratamentos da doença.
Os palestrantes também vão dar orientações sobre como a família pode melhorar a relação com o hiperativo e ajudá-lo no convívio social.
Estimativas sugerem que o distúrbio atinja de 3% a 5% das crianças em idade escolar.
Inscrições pelo e-mail cientifico@apm.org.br e pelo telefone 0XX/11/3188-4243, das 16h às 21h.
Durante as reuniões, especialistas vão discutir casos reais e informar os participantes sobre sintomas e tratamentos da doença.
Os palestrantes também vão dar orientações sobre como a família pode melhorar a relação com o hiperativo e ajudá-lo no convívio social.
Estimativas sugerem que o distúrbio atinja de 3% a 5% das crianças em idade escolar.
Inscrições pelo e-mail cientifico@apm.org.br e pelo telefone 0XX/11/3188-4243, das 16h às 21h.
domingo, 4 de julho de 2010
Quando o remédio é escrever
Efeitos terapêuticos de manter blogs atraem atenção de pesquisadores
por Jessica Wapner
A busca por uma vida mais saudável pode ser um dos motivos do enorme aumento do número de blogs. Estima-se que sejam cerca de 3 milhões por todo o planeta. Cientistas e escritores há anos conhecem os benefícios terapêuticos de escrever sobre experiências pessoais, pensamentos e sentimentos. Mas, além de servir como um mecanismo para aliviar o stress, expressar-se por meio da escrita traz muitos benefícios fisiológicos. Pesquisas mostram que com a prática da escrita é possível aprimorar a memória e o sono, estimular a atividade dos leucócitos e reduzir a carga viral de pacientes com aids e até mesmo acelerar a cicatrização após uma cirurgia. Um estudo publicado na revista científica Oncologist mostra que pessoas com câncer que escreviam para relatar seus sentimentos logo depois, se sentiam muito melhor, tanto mental quanto fisicamente, em comparação a pacientes que não se deram a esse trabalho.
Pesquisadores empenham-se agora em explorar as bases neurológicas em jogo, especialmente levando em conta a explosão dos blogs. De acordo com a neurocientista Alice Flaherty, da Universidade Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts, a teoria do placebo para o sofrimento pode ser aplicada a esse caso. Como criaturas sociais, recorremos a uma variedade de comportamentos relacionados à dor. A reclamação, por exemplo, funciona como um “placebo para conseguir satisfação”, afirma Flaherty. Usar o blog para “botar a boca no mundo”, expressar insatisfações e partilhar experiências estressantes pode funcionar da mesma forma.
Flaherty, que estuda casos como a hipergrafia (desejo incontrolável de escrever) e também o bloqueio criativo, analisa modelos de doenças que explicam a motivação por trás dessa forma de comunicação. Por exemplo, as pessoas em estado de mania (pólo oposto à depressão, característico do transtorno bipolar) geralmente falam demais. “Acreditamos que algo no sistema límbico do cérebro fomente a necessidade de a pessoa se comunicar”, explica Flaherty. Localizada principalmente no centro do cérebro, essa área controla motivações e impulsos relacionados a comida, sexo, desejo e iniciativa para resolução de problemas. “Sabemos que há impulsos envolvidos na criação de blogs, pois muitas pessoas agem de forma compulsiva em relação a eles. Além disso, o hábito de mantê-los atualizados pode desencadear a liberação de dopamina, os estímulos são similares aos que temos quando escutamos música, corremos ou apreciamos uma obra de arte”, diz Flaherty.
Jessica Wapner é jornalista.
por Jessica Wapner
A busca por uma vida mais saudável pode ser um dos motivos do enorme aumento do número de blogs. Estima-se que sejam cerca de 3 milhões por todo o planeta. Cientistas e escritores há anos conhecem os benefícios terapêuticos de escrever sobre experiências pessoais, pensamentos e sentimentos. Mas, além de servir como um mecanismo para aliviar o stress, expressar-se por meio da escrita traz muitos benefícios fisiológicos. Pesquisas mostram que com a prática da escrita é possível aprimorar a memória e o sono, estimular a atividade dos leucócitos e reduzir a carga viral de pacientes com aids e até mesmo acelerar a cicatrização após uma cirurgia. Um estudo publicado na revista científica Oncologist mostra que pessoas com câncer que escreviam para relatar seus sentimentos logo depois, se sentiam muito melhor, tanto mental quanto fisicamente, em comparação a pacientes que não se deram a esse trabalho.
Pesquisadores empenham-se agora em explorar as bases neurológicas em jogo, especialmente levando em conta a explosão dos blogs. De acordo com a neurocientista Alice Flaherty, da Universidade Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts, a teoria do placebo para o sofrimento pode ser aplicada a esse caso. Como criaturas sociais, recorremos a uma variedade de comportamentos relacionados à dor. A reclamação, por exemplo, funciona como um “placebo para conseguir satisfação”, afirma Flaherty. Usar o blog para “botar a boca no mundo”, expressar insatisfações e partilhar experiências estressantes pode funcionar da mesma forma.
Flaherty, que estuda casos como a hipergrafia (desejo incontrolável de escrever) e também o bloqueio criativo, analisa modelos de doenças que explicam a motivação por trás dessa forma de comunicação. Por exemplo, as pessoas em estado de mania (pólo oposto à depressão, característico do transtorno bipolar) geralmente falam demais. “Acreditamos que algo no sistema límbico do cérebro fomente a necessidade de a pessoa se comunicar”, explica Flaherty. Localizada principalmente no centro do cérebro, essa área controla motivações e impulsos relacionados a comida, sexo, desejo e iniciativa para resolução de problemas. “Sabemos que há impulsos envolvidos na criação de blogs, pois muitas pessoas agem de forma compulsiva em relação a eles. Além disso, o hábito de mantê-los atualizados pode desencadear a liberação de dopamina, os estímulos são similares aos que temos quando escutamos música, corremos ou apreciamos uma obra de arte”, diz Flaherty.
Jessica Wapner é jornalista.
A doença do imprevisto
A esclerose múltipla, uma patologia degenerativa que afeta principalmente pessoas com idade entre 20 e 40 anos, muitas vezes é confundida com stress; diagnóstico precoce é fundamental para manter a qualidade de vida do paciente
por Luciana Christante
Quando se fala em doenças neurodegenerativas, a maioria das pessoas logo pensa em idosos com limitações físicas e principalmente cognitivas, que os impedem de levar uma vida autônoma, como no Alzheimer ou no Parkinson, por exemplo. Embora a esclerose múltipla pertença à categoria de distúrbios que provoca degeneração neurológica, difere em pelo menos dois aspectos. Em primeiro lugar porque nessa patologia a incapacidade física é bem mais pronunciada que a cognitiva, o que à primeira vista poderia até ser um atenuante, não fosse pela segunda característica: a doença se manifesta quase sempre entre os 20 e os 40 anos, isto é, no auge da vida produtiva do indivíduo. O choque do diagnóstico, que costuma vir depois de uma via-sacra por vários médicos e pode levar anos, traz inicialmente a revolta e, depois, o medo de que as seqüelas sabotem pouco a pouco a vida profissional, pessoal e familiar, afligindo principalmente aqueles com filhos para criar e os que ainda desejam tê-los.
A doença é progressiva e não tem cura. Os medicamentos surgidos nos últimos 15 anos têm conseguido diminuir a velocidade de seu avanço na maioria dos pacientes, com melhores resultados quando o diagnóstico é precoce, o que ainda é um desafio para os médicos. Novos remédios, que devem ser lançados em breve, prometem melhor eficácia – mesmo assim dificilmente dispensarão a reabilitação física e o acompanhamento psicológico, parte indispensável do tratamento.
Quase tudo nesta doença é imprevisível, a começar pelos sintomas, que se manifestam em surtos de intensidade e duração variáveis e podem incluir visão embaçada, fadiga, espasmos musculares, falta de equilíbrio, dormência em qualquer parte do corpo, urgência ou incontinência urinária, problemas de memória, dificuldades na fala, entre outros. Tais sintomas, porém, raramente aparecem juntos no mesmo paciente – a velha máxima “cada caso é um caso” nunca foi tão verdadeira como no da esclerose múltipla. Entre dois surtos, um período de remissão de duração também variável pode dar a impressão, nos que ainda não foram diagnosticados, de que o problema não é grave. “Como é passageiro, a maioria das pessoas não dá importância e não procura o médico. Alguns acham que é culpa do stress”, diz Maria Cristina Giácomo, coordenadora do departamento científico da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem). Mais cedo ou mais tarde, no entanto, os sintomas voltam e com o passar do tempo sua recorrência vai deixando marcas irreversíveis.
Luciana Christante é farmacêutica e jornalista científica.
por Luciana Christante
Quando se fala em doenças neurodegenerativas, a maioria das pessoas logo pensa em idosos com limitações físicas e principalmente cognitivas, que os impedem de levar uma vida autônoma, como no Alzheimer ou no Parkinson, por exemplo. Embora a esclerose múltipla pertença à categoria de distúrbios que provoca degeneração neurológica, difere em pelo menos dois aspectos. Em primeiro lugar porque nessa patologia a incapacidade física é bem mais pronunciada que a cognitiva, o que à primeira vista poderia até ser um atenuante, não fosse pela segunda característica: a doença se manifesta quase sempre entre os 20 e os 40 anos, isto é, no auge da vida produtiva do indivíduo. O choque do diagnóstico, que costuma vir depois de uma via-sacra por vários médicos e pode levar anos, traz inicialmente a revolta e, depois, o medo de que as seqüelas sabotem pouco a pouco a vida profissional, pessoal e familiar, afligindo principalmente aqueles com filhos para criar e os que ainda desejam tê-los.
A doença é progressiva e não tem cura. Os medicamentos surgidos nos últimos 15 anos têm conseguido diminuir a velocidade de seu avanço na maioria dos pacientes, com melhores resultados quando o diagnóstico é precoce, o que ainda é um desafio para os médicos. Novos remédios, que devem ser lançados em breve, prometem melhor eficácia – mesmo assim dificilmente dispensarão a reabilitação física e o acompanhamento psicológico, parte indispensável do tratamento.
Quase tudo nesta doença é imprevisível, a começar pelos sintomas, que se manifestam em surtos de intensidade e duração variáveis e podem incluir visão embaçada, fadiga, espasmos musculares, falta de equilíbrio, dormência em qualquer parte do corpo, urgência ou incontinência urinária, problemas de memória, dificuldades na fala, entre outros. Tais sintomas, porém, raramente aparecem juntos no mesmo paciente – a velha máxima “cada caso é um caso” nunca foi tão verdadeira como no da esclerose múltipla. Entre dois surtos, um período de remissão de duração também variável pode dar a impressão, nos que ainda não foram diagnosticados, de que o problema não é grave. “Como é passageiro, a maioria das pessoas não dá importância e não procura o médico. Alguns acham que é culpa do stress”, diz Maria Cristina Giácomo, coordenadora do departamento científico da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem). Mais cedo ou mais tarde, no entanto, os sintomas voltam e com o passar do tempo sua recorrência vai deixando marcas irreversíveis.
Luciana Christante é farmacêutica e jornalista científica.
Sob o encanto da Lua
Em diferentes culturas, variações do comportamento humano foram atribuídas às fases lunares; para pesquisadores, a teoria pode ser considerada um “fóssil cultural”
por Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz
“Ela aproxima-se mais da Terra agora do que de hábito e deixa os homens loucos.”
Otelo, de William Shakespeare
Ao longo dos séculos, muitos já disseram: “Deve ser noite de lua cheia”, numa tentativa de explicar acontecimentos estranhos. E até hoje, o nome da deusa romana da Lua continua sendo familiar: Luna, prefixo da palavra lunático (um dos sinônimos para louco). O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e o historiador romano Plínio (23 – 79 d.C.), o Velho, sugeriram que o cérebro era o órgão mais úmido do corpo e, desse modo, mais suscetível às influências perniciosas da Lua, responsável também pelas marés. A crença no efeito lunar persistiu na Europa durante a Idade Média, se acreditava que alguns seres humanos se transformavam em lobisomens ou vampiros durante madrugadas de lua cheia.
Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que os poderes místicos do satélite da Terra induzem comportamentos erráticos, surtos psicóticos e suicídios; crêem que, por deflagrar a agressividade, fazem aumentar o número de homicídios, de acidentes de trânsito, de violência por parte de torcedores e jogadores profissionais durante as partidas e até de mordidas de cachorro. Um levantamento realizado nos Estados Unidos revelou que 45% dos estudantes universitários acreditavam que as pessoas afetadas pela Lua são propensas a comportamentos estranhos. Outras pesquisas sugerem que profissionais que trabalham com saúde mental podem estar mais inclinados do que as pessoas em geral a aceitar essa ideia. Em 2007, diversos departamentos de polícia do Reino Unido aumentaram o número de policiais em noites de lua cheia, num esforço para lidar com índices de criminalidade presumidamente mais altos.
Seguindo Aristóteles e Plínio, o Velho, alguns autores contemporâneos, como o psiquiatra Arnold Lieber, de Miami, presumiram que os efeitos comportamentais da Lua cheia ocorreriam por influência lunar na água. O corpo humano, ao todo, é composto de cerca de 80% de líquido e, deste modo, a Lua pode agir, de maneira misteriosa, alterando o alinhamento das moléculas do sistema nervoso central.
Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz são professores de psicologia; o primeiro, da Universidade Emory, e o segundo, da Universidade do Arizona. – Tradução de Julio Oliveira
por Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz
“Ela aproxima-se mais da Terra agora do que de hábito e deixa os homens loucos.”
Otelo, de William Shakespeare
Ao longo dos séculos, muitos já disseram: “Deve ser noite de lua cheia”, numa tentativa de explicar acontecimentos estranhos. E até hoje, o nome da deusa romana da Lua continua sendo familiar: Luna, prefixo da palavra lunático (um dos sinônimos para louco). O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e o historiador romano Plínio (23 – 79 d.C.), o Velho, sugeriram que o cérebro era o órgão mais úmido do corpo e, desse modo, mais suscetível às influências perniciosas da Lua, responsável também pelas marés. A crença no efeito lunar persistiu na Europa durante a Idade Média, se acreditava que alguns seres humanos se transformavam em lobisomens ou vampiros durante madrugadas de lua cheia.
Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que os poderes místicos do satélite da Terra induzem comportamentos erráticos, surtos psicóticos e suicídios; crêem que, por deflagrar a agressividade, fazem aumentar o número de homicídios, de acidentes de trânsito, de violência por parte de torcedores e jogadores profissionais durante as partidas e até de mordidas de cachorro. Um levantamento realizado nos Estados Unidos revelou que 45% dos estudantes universitários acreditavam que as pessoas afetadas pela Lua são propensas a comportamentos estranhos. Outras pesquisas sugerem que profissionais que trabalham com saúde mental podem estar mais inclinados do que as pessoas em geral a aceitar essa ideia. Em 2007, diversos departamentos de polícia do Reino Unido aumentaram o número de policiais em noites de lua cheia, num esforço para lidar com índices de criminalidade presumidamente mais altos.
Seguindo Aristóteles e Plínio, o Velho, alguns autores contemporâneos, como o psiquiatra Arnold Lieber, de Miami, presumiram que os efeitos comportamentais da Lua cheia ocorreriam por influência lunar na água. O corpo humano, ao todo, é composto de cerca de 80% de líquido e, deste modo, a Lua pode agir, de maneira misteriosa, alterando o alinhamento das moléculas do sistema nervoso central.
Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz são professores de psicologia; o primeiro, da Universidade Emory, e o segundo, da Universidade do Arizona. – Tradução de Julio Oliveira
Quanto mais simples melhor
Pesquisadores investigam a complexa relação entre esforço, motivação e cognição; aparentemente, nosso cérebro confunde facilidade em ler instruções sobre tarefas com a simplicidade de sua execução
por Wray Herbert
O cartunista americano Rube Goldberg (1883-1970) ficou conhecido por ser o criador das “máquinas de Goldberg”. Cada uma de suas invenções cômicas mostrava um conjunto de instruções complexas para realizar o que deveria ser uma tarefa cotidiana simples. Seu “guardanapo automático”, por exemplo, apresentava 13 passos sequenciais, envolvendo um papagaio, um acendedor de charutos, um foguete e uma foice – junto com diversos elásticos, tiras e pêndulos. As charges se tornavam engraçadas porque, com bom humor, cutucavam uma ironia fundamental da psicologia humana: não raro, as pessoas tendem a tornar tarefas simples mais complicadas do que o necessário.
Na realidade, o oposto, em geral, também é verdadeiro: as confusas regras de “como fazer” de Goldman podem nos fazer rir, mas também nos deixam exaustos. Se for necessário fazer tudo aquilo para usar um guardanapo, por que tentar? Alguns psicólogos estão muito interessados em descobrir mais sobre a complexa relação entre esforço, motivação e cognição – a facilidade com a qual pensamos sobre tarefas. É possível que a simplicidade (ou complexidade) com a qual uma atividade é descrita e processada, de fato, afete nossa atitude com relação a essa atividade e, por fim, nossa vontade de realizá-la.
Dois psicólogos da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, nos Estados Unidos, decidiram investigar essa ideia em laboratório. O desafio de Hyunjin Song e Norbert Schwarz era conseguir motivar um grupo de universitários de 20 anos a praticar atividade física regularmente. Eles deram instruções escritas aos voluntários para que estabelecessem uma rotina com exercícios regulares, mas utilizaram um método para tornar as orientações de “como fazer” cognitivamente agradáveis ou desafiadoras: alguns alunos receberam as instruções escritas com a fonte Arial, plana e desenvolvida para facilitar a leitura; outros receberam em fonte Brush, que, basicamente, parece letra manuscrita com um pincel japonês, o que dificulta a leitura. Depois que os alunos haviam lido as instruções, os pesquisadores perguntaram a eles, por exemplo, quanto tempo acreditavam que levaria a conclusão das atividades, se fluiria naturalmente ou pareceria não ter fim, se seria chata ou interessante. Eles também questionaram sobre a probabilidade de tornar os exercícios parte de sua rotina.
As descobertas foram surpreendentes: os que haviam lido as instruções em uma fonte simples estavam mais dispostos a realizar a tarefa – acreditavam que duraria pouco tempo e que fluiria de maneira fácil. E mais importante, eles tinham mais vontade de tornar o exercício parte da rotina. Aparentemente, o cérebro dos estudantes confundiu a facilidade em ler sobre os exercícios com facilidade para realizar flexões e abdominais, e essa confusão motivou-os a pensar em uma mudança de vida. Os que brigaram com as pinceladas japonesas não tinham a menor intenção de ir à academia; a leitura, por si só, já os deixou cansados. Song e Schwarz decidiram verificar novamente esses resultados, com outra pesquisa, envolvendo outra atividade: a culinária.
Novamente usaram uma fonte mais clara e outra rebuscada. Mas, nesse caso, as instruções ensinavam a fazer um rolinho de sushi. Depois que os voluntários leram a receita, deveriam estimar o tempo para execução do prato e se estavam ou não inclinados a fazê-lo. Os resultados foram basicamente os mesmos, conforme publicado no periódico Jornal de ciência psicológica: aqueles que leram as instruções com uma aparência mentalmente desafiadora acharam que a tarefa seria demorada e necessitaria de alto nível de habilidades culinárias; os participantes observaram a estranheza da escrita como sendo da própria tarefa e, como resultado, tentaram evitá-la. Já aqueles que receberam informações de forma mais direta ficaram bastante dispostos a ir para a cozinha. Conclusão: o cérebro emprega todos os tipos de truques e atalhos para que o indivíduo atravesse o dia com o mínimo de esforço físico e mental, mas é bom prestar atenção nesses julgamentos automáticos. Se não forem verificados, a tendência de confundir pensamentos e ações pode levar a opções duvidosas, que parecem ser mais fáceis e desejáveis do que de fato são, ou pode afastar de escolhas saudáveis e da exploração criativa.
Wray Herbert é psicólogo e atualmente é diretor da Associação para Ciência Psicológica, nos Estados Unidos.
por Wray Herbert
O cartunista americano Rube Goldberg (1883-1970) ficou conhecido por ser o criador das “máquinas de Goldberg”. Cada uma de suas invenções cômicas mostrava um conjunto de instruções complexas para realizar o que deveria ser uma tarefa cotidiana simples. Seu “guardanapo automático”, por exemplo, apresentava 13 passos sequenciais, envolvendo um papagaio, um acendedor de charutos, um foguete e uma foice – junto com diversos elásticos, tiras e pêndulos. As charges se tornavam engraçadas porque, com bom humor, cutucavam uma ironia fundamental da psicologia humana: não raro, as pessoas tendem a tornar tarefas simples mais complicadas do que o necessário.
Na realidade, o oposto, em geral, também é verdadeiro: as confusas regras de “como fazer” de Goldman podem nos fazer rir, mas também nos deixam exaustos. Se for necessário fazer tudo aquilo para usar um guardanapo, por que tentar? Alguns psicólogos estão muito interessados em descobrir mais sobre a complexa relação entre esforço, motivação e cognição – a facilidade com a qual pensamos sobre tarefas. É possível que a simplicidade (ou complexidade) com a qual uma atividade é descrita e processada, de fato, afete nossa atitude com relação a essa atividade e, por fim, nossa vontade de realizá-la.
Dois psicólogos da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, nos Estados Unidos, decidiram investigar essa ideia em laboratório. O desafio de Hyunjin Song e Norbert Schwarz era conseguir motivar um grupo de universitários de 20 anos a praticar atividade física regularmente. Eles deram instruções escritas aos voluntários para que estabelecessem uma rotina com exercícios regulares, mas utilizaram um método para tornar as orientações de “como fazer” cognitivamente agradáveis ou desafiadoras: alguns alunos receberam as instruções escritas com a fonte Arial, plana e desenvolvida para facilitar a leitura; outros receberam em fonte Brush, que, basicamente, parece letra manuscrita com um pincel japonês, o que dificulta a leitura. Depois que os alunos haviam lido as instruções, os pesquisadores perguntaram a eles, por exemplo, quanto tempo acreditavam que levaria a conclusão das atividades, se fluiria naturalmente ou pareceria não ter fim, se seria chata ou interessante. Eles também questionaram sobre a probabilidade de tornar os exercícios parte de sua rotina.
As descobertas foram surpreendentes: os que haviam lido as instruções em uma fonte simples estavam mais dispostos a realizar a tarefa – acreditavam que duraria pouco tempo e que fluiria de maneira fácil. E mais importante, eles tinham mais vontade de tornar o exercício parte da rotina. Aparentemente, o cérebro dos estudantes confundiu a facilidade em ler sobre os exercícios com facilidade para realizar flexões e abdominais, e essa confusão motivou-os a pensar em uma mudança de vida. Os que brigaram com as pinceladas japonesas não tinham a menor intenção de ir à academia; a leitura, por si só, já os deixou cansados. Song e Schwarz decidiram verificar novamente esses resultados, com outra pesquisa, envolvendo outra atividade: a culinária.
Novamente usaram uma fonte mais clara e outra rebuscada. Mas, nesse caso, as instruções ensinavam a fazer um rolinho de sushi. Depois que os voluntários leram a receita, deveriam estimar o tempo para execução do prato e se estavam ou não inclinados a fazê-lo. Os resultados foram basicamente os mesmos, conforme publicado no periódico Jornal de ciência psicológica: aqueles que leram as instruções com uma aparência mentalmente desafiadora acharam que a tarefa seria demorada e necessitaria de alto nível de habilidades culinárias; os participantes observaram a estranheza da escrita como sendo da própria tarefa e, como resultado, tentaram evitá-la. Já aqueles que receberam informações de forma mais direta ficaram bastante dispostos a ir para a cozinha. Conclusão: o cérebro emprega todos os tipos de truques e atalhos para que o indivíduo atravesse o dia com o mínimo de esforço físico e mental, mas é bom prestar atenção nesses julgamentos automáticos. Se não forem verificados, a tendência de confundir pensamentos e ações pode levar a opções duvidosas, que parecem ser mais fáceis e desejáveis do que de fato são, ou pode afastar de escolhas saudáveis e da exploração criativa.
Wray Herbert é psicólogo e atualmente é diretor da Associação para Ciência Psicológica, nos Estados Unidos.
Encantos da música
Novas pesquisas explicam o poder dos sons sobre o que sentimos e os benefícios para o bem-estar físico e mental; entre seus efeitos estão o favorecimento da coesão social e de conexões empáticas entre os membros de um grupo
por KAREN SCHROCK
Passei alguns dos momentos mais emocionantes de minha vida conectada à música. Na faculdade, meus olhos frequentemente se enchiam d’água durante os ensaios do coral duas vezes por semana. Eu me sentia relaxada e em paz, mas, ainda assim, excitada e alegre e, ocasionalmente, a emoção era tanta que sentia uma espécie de arrepio. E me sentia ligada aos meus companheiros de música de uma maneira que não acontecia com amigos que não cantavam comigo. Frequentemente, eu me questionava por que sons melodiosos desencadeavam tais sentimentos e sensações. Filósofos e biólogos têm feito essa mesma pergunta por séculos, considerando que os humanos são atraídos de forma universal para a música. Ela nos consola, anima, marca momentos especiais e favorece a criação de laços – mesmo não sendo necessária para a sobrevivência ou a reprodução.
Cientistas já concluíram que a influência da música pode ser um evento casual, que surge de sua capacidade de mobilizar sistemas do cérebro que foram constituídos com outros objetivos – como dar conta da linguagem, da emoção e do movimento. Em seu livro Como a mente funciona (Companhia das Letras, 1998), o psicólogo Steven Pinker, da Universidade Harvard, compara a música a uma “guloseima auditiva”, feita para “pinicar” áreas cerebrais envolvidas em funções importantes. Mas, como resultado desse acaso, os sons harmoniosos oferecem um novo sistema de comunicação, com base mais em percepções sutis que em significados. Pesquisas recentes mostram, por exemplo, que a música conduz certas emoções de forma consistente: o que sentimos ao ouvir algumas canções e melodias é bastante similar ao que todas as outras pessoas na mesma sala sentem.
por KAREN SCHROCK
Passei alguns dos momentos mais emocionantes de minha vida conectada à música. Na faculdade, meus olhos frequentemente se enchiam d’água durante os ensaios do coral duas vezes por semana. Eu me sentia relaxada e em paz, mas, ainda assim, excitada e alegre e, ocasionalmente, a emoção era tanta que sentia uma espécie de arrepio. E me sentia ligada aos meus companheiros de música de uma maneira que não acontecia com amigos que não cantavam comigo. Frequentemente, eu me questionava por que sons melodiosos desencadeavam tais sentimentos e sensações. Filósofos e biólogos têm feito essa mesma pergunta por séculos, considerando que os humanos são atraídos de forma universal para a música. Ela nos consola, anima, marca momentos especiais e favorece a criação de laços – mesmo não sendo necessária para a sobrevivência ou a reprodução.
Cientistas já concluíram que a influência da música pode ser um evento casual, que surge de sua capacidade de mobilizar sistemas do cérebro que foram constituídos com outros objetivos – como dar conta da linguagem, da emoção e do movimento. Em seu livro Como a mente funciona (Companhia das Letras, 1998), o psicólogo Steven Pinker, da Universidade Harvard, compara a música a uma “guloseima auditiva”, feita para “pinicar” áreas cerebrais envolvidas em funções importantes. Mas, como resultado desse acaso, os sons harmoniosos oferecem um novo sistema de comunicação, com base mais em percepções sutis que em significados. Pesquisas recentes mostram, por exemplo, que a música conduz certas emoções de forma consistente: o que sentimos ao ouvir algumas canções e melodias é bastante similar ao que todas as outras pessoas na mesma sala sentem.
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