Obra analisa sintomas histéricos e desejos no contemporâneo
Paralisias nos braços ou pernas, desmaios e até cegueiras caracterizavam os sintomas das mulheres histéricas da antiguidade. Espasmos corporais também identificavam e marcavam o destino dessas figuras. Em um dos exemplos mais extremos, na Idade Média, as histéricas eram associadas à figuras demoníacas, e por isso eram queimadas em praças públicas a fim de "libertar" e "purificar" suas almas.
Atualmente, casos como os relatados são menos frequentes, mas isso não quer dizer que ainda não ocorram ou que os sintomas se manifestem de outras formas. Como analisa a psicanalista Denise Maurano no livro "Histeria: o Princípio de Tudo", a histeria hoje assume novas roupagens, sem deixar de lado, contudo, problemas inconscientes e de dimensões traumáticas. Para a autora, os "novos velhos" sintomas são anorexia, bulimia, obesidade, pânico, depressão e mania, que aparecem nas mais variadas versões nas quais as pessoas tentam lidar de uma forma subjetiva e mascarada com a falta. E em tempos de capitalismo pulsante, reforça a profissional, quem não sente falta de "algo".
"A histeria acaba por revelar-se para ele (Freud) não como uma patologia qualquer, mas como um modo de subjetivação. Ou seja, um modo de estar no mundo, de fazer laços e de operar com o desejo, funcionando como uma curiosa defesa frente à falta inerente à condição humana, uma vez que viver é estar sempre em busca de algo", escreve a psicanalista.
Além de apresentar a origem do termo histeria e trazer fatos históricos de casos analisados e que fundamentaram os princípios da psicanálise, Maurano contextualiza os sintomas no contemporâneo, debatendo as pulsões, o trauma e as relações de desejo.
Leia trecho.
Aqui cabe a observação: em tempos de primazia da libido, portanto de apologia do objeto, não é ao acaso que a dita doença do pânico tome a cena, assim como tantos outros transtornos que poderiam ser denominados como relativos às relações de objetos. Nesse rol podemos incluir tanto a anorexia e a obesidade quanto as toxicomanias, o alcoolismo, a chamada síndrome do pânico.
Em seu parentesco próximo com a fobia, essa última revela-se sinal de alarme frente à angústia da confrontação não propriamente com um objeto, mas com a falta do Outro enquanto mediador, falta essa que o objeto fóbico vem recobrir, funcionando como recurso para delimitação do mundo no qual o sujeito arrisca perder-se.
Fonte: Livraria da Folha
Márcia,
ResponderExcluirVou colocar parte desse post no meu Blog e um link para cá, porque falo sobre os problemas da obesidade e as dificuldades em emagrecer. Adorei seu blog e vou te seguir! Beijão!